IMAGEM DE SATÉLITE do local fotografado, com o local pintado em verde, no bairro do Engenho de Dentro: observe que a região é composta, majoritariamente, por casas.
O post de hoje é bastante especial pois, pela primeira vez, trago fotos de uma região da Zona Norte cuja qual ainda não havia publicado: o subúrbio. Para inaugurar esta seção, eu percorri duas praças e as ruas adjacentes de uma área muito simpática do bairro do Engenho de Dentro, na terça-feira passada. Em detalhes, os protagonistas da matéria de hoje são as praças Amambaí (foto ao lado) e Itapevi, e as ruas que as conectam, Alberto Leite e Itapema, que ficam ali perto do Largo da Chave de Ouro e do pólo comercial da Rua Dias da Cruz. Se você nunca andou por dentro do emaranhado de ruas do bairro do Engenhão, não perca a oportunidade de conhecê-lo, em parte, aqui n'As Ruas do Rio!
Primeiro de tudo, vale lembrar que o Engenho de Dentro é o típico bairro suburbano: uma estação de trem com vias expressas estreitas (foto ao lado), imóveis antigos – entre eles, sobrados e casas, muitas casas! –, e um certo ar de decadência, fruto da ausência de novos investimentos. Porém, diferentemente de muitas áreas do subúrbio carioca, onde a paisagem é, em geral, muito degradada e abandonada, esta partezinha do Engenho de Dentro foge à regra, e mostra-se resistente, apesar dos pesares.
O PANORAMA da Praça Amambaí e o seu entorno, composto por belas casas: endereço tradicional na região do Grande Méier.
Eu iniciei o meu percurso a partir da Praça Amambaí, localizada em uma quadra entre as ruas Hugo Bezerra e Alberto Leite. De tamanho médio e aconchegante, a praça é bem conservada, tem playground, jardins e mesas, onde muitos vovôs passam as manhãs no jogo de cartas (foto ao lado). Sem falar na arborização em abundância! Uma área de lazer valiosíssima, que dá prazer em saber que existe e que continua dentro dos padrões normais de funcionalidade. Fiquei feliz, afinal, é raro, hoje em dia, ver uma praça bem-cuidada fora do eixo Zona Sul – Barra. Ponto para o Engenho de Dentro!
O LOCAL É utilizado, principalmente, por crianças e pessoas da terceira idade. À noite, a praça vira área de ginástica, onde muitas pessoas praticam o jogging no seu entorno.
TANTO NA PRAÇA como nas ruas adjacentes, as casas são espaçosas e de poucos pavimentos. Um detalhe peculiar é a figura de santos religiosos no topo das fachadas.
As casas no entorno da Praça Amambaí e ao longo da Rua Alberto Leite (fotos ao lado) são construções dos tempos áureos do subúrbio: casas amplas, varandas enormes, muros baixos, arquitetura exclusiva e, na grande maioria delas, a figura de algum santo religioso no topo da fachada. Embora se note um ar de decadência, os imóveis possuem todo um glamour, resquícios do passado, construídos pela classe média alta que ali morou – e que ainda mora! Dentre essa classe média, muitos profissionais liberais, que até hoje mantêm nos seus portões pequenas placas com o nome do próprio e a sua formação e especialidade. Aliás, essa característica é muito peculiar à esta região e às adjacentes, como o bairro do Méier, por exemplo.
AS CASAS DA RUA Alberto Leite nos remete aos tempos áureos vividos pelo subúrbio, com suas construções imponentes e amplas. Nos dias de hoje, o charme de algumas casas ainda estão preservados, embora se note um toque de decadência na manutenção de outras.
ÁRVORES COINCIDENTEMENTE padronizadas na Rua Alberto Leite valorizam o aspecto das calçadas, em meio aos canteiros de plantas e flores. A área, por ser tranqüila, possui redutores de velocidade (os famosos quebra-molas).
A amplitude das calçadas e da via também chama a atenção: ambas são suficientemente espaçosas, o que nos mostra o reflexo de um projeto de urbanismo bem-sucedido. As árvores têm estruturas parecidas, constituindo um aspecto padronizado à Rua Alberto Leite, e estão separadas por distâncias iguais. Entre uma ou outra, alguns arbustinhos e canteiros de plantas e flores, que fazem toda a diferença na avaliação da paisagem. Agora o mais charmoso de tudo são as cestinhas de ferro fincadas na frente de cada casa (exemplo na foto à esquerda); ao invés das sacas de lixo ficarem espalhadas pela calçada, a cesta de ferro as abriga, proporcionando um visual mais clean à rua – literalmente!
AS PROXIMIDADES das esquinas da Rua Alberto Leite com a Rua Itapema.
A esquina da Alberto Leite com a Rua Itapema é outro cantinho simpático, com os pequenos arbustinhos em canteiros de cimento subindo a ladeirinha que constitui a parte mais elevada deste trecho da Itapema (foto ao lado). Aliás, ali as casas são mais altas, devido ao relevo, mas continuam imponentes, e o que eram raros, até então, começam a aparecer: edifícios!, logo ali, pela esquina com a Rua Jurunas, de cara com a Praça Itapevi.
OS IMÓVEIS NA RUA Itapema são mais verticalizados e com escadas, devido à elevação do relevo neste trecho da via.
ATÉ ENTÃO RARO, um edifício com mais de cinco pavimentos aparece na esquina da Rua Itapema com Jurunas. Ao lado, o panorama da Itapema, com suas casas e a ladeirinha: ruazinha simpática.
A CHEGADA À PRAÇA Itapevi através da subida pela Rua Itapema.
A Praça Itapevi se situa em um recuo bem no encontro das ruas Jurunas e Itapema, e o seu entorno é composto também por casas e alguns poucos prédios. Menos arborizada que a Praça Amambaí, o playground está em ótimo estado de conservação (viva!), assim como os canteiros bem-cuidados e pintados, sem nenhum tipo de pichação. Coisa rara! Agora o que não é nada raro por ali são os postes com luz acesa em plena manhã (foto ao lado). Não só no Engenho de Dentro, mas como em muitos outros lugares do Rio, inclusive no Leblon, local onde eu cheguei a fazer um comentário sobre o poste aceso da Rua Carlos Góis, no post do dia 8 de Agosto de 2009. São cenas lamentáveis...
A CASA AMARELA da Praça Itapevi e um terreno baldio, cercado por muro grafitado com a bandeira do Brasil: pinturas relacionadas aos jogos de Copa do Mundo no chão e nas paredes das ruas são particularidades do subúrbio.
O grande barato mesmo em relação ao local percorrido do post de hoje é o de observar a forma como se dispõem os elementos urbanos no espaço. Quem está acostumado a percorrer áreas extremamente adensadas, nota que no Engenho de Dentro os terrenos de cada casa são bastante espaçosos e amplos. Diferentemente de lugares como a Zona Sul, por exemplo, onde em uma rua existem centenas de portarias uma ao lado da outra, em terrenos não tão largos, o subúrbio tem de bom essa coisa da qualidade do viver bem, em um espaço suficientemente satisfatório para as necessidades físicas de cada indivíduo. Isso pôde ser comprovado pelas casas fotografadas – elas são megaconfortáveis. E charmosas. Assim como as ruas, calminhas e aprazíveis. Um oásis em pleno Engenho de Dentro.
FINAL DO PERCURSO: vista de parte da Praça Itapevi e a descida da Rua Itapema sob a perspectiva da Rua Jurunas.
9 comentários:
Existem uns "oásis" no Rio que a gente nem imagina. Um deles é o Grajaú. Outro é a Urca. Morro da Conceição. Vila de Santa Genoveva (a que só moradores têm acesso). E tem o Engenho de Dentro que você está nos revelando - confesso que não conhecia! Gostei. Uma observação: Acho que o termo subúrbio não se aplica mais neste século. Os antigos subúrbios da Central e Leopoldina agora são considerados bairros de Zona Norte.
valeu pelo post. viva o suburbio carioca.
eu particularmente gosto muito desse bairro que ta na nossa estória famíliar pedrão. foi la que aprendi a gostar de carnaval e da cultura de rua que me pode proporcionar um outro lado que não fosse os costumes da elite zona sul.
continua a nos brindar com outros bairros suburbanos.
abraço.
Minha tia morou em uma casa muito bonita no Engenho de Dentro. Velhos tempos...muito bom lembrar Pedro. Adorei o post.
A Praça Amambaí no Engenho de Dentro não mudou de nome? Para Pe. Nelson Didier? Favo confirmar.
Eduardo,
a praça Amambaí teve seu nome mudado sim. Inclusive consta uma pequena placa no local indicando o novo nome do logradouro.
Por falha minha (e por conservadorismo também, confesso), não falei a respeito e segui nomeando-a de Praça Amambaí.
Um abraço
Moro em uma das casa da Praça. Não houve consulta aos moradores em relação a mudança do nome da Praça,independente da importÂncia do Padre para acomunidade ! A praça não recebe a atenção das autoridades como merecia (Ferraz e família).
Seu trabalho é bem legal. Acho que o subúrbio (não tenho a menor vergonha do nome: Méier, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Madureira, são bairros do subúrbio carioca, dentre outros, que contam parte da história do Rio de Janeiro). Acho que os moradores dos bairros suburbanos devem ficar atentos. Esta região é de expansão do mercado imobiliário. No Engenho de Dentro, o garabrito dos prédios passou para 18 pavimentos (!) após a construção do estádio. Eu espero que aqueles condomínios "made in" Barra não venham a substituir totalmente a paisagem dos bairros suburbanos, transformando-os numa zona sul carioca, adensada e muito construída.
Bem, vou um pouco pelos posts colocados. Essa parte do E. de Dentro é um oásis mesmo (em Jacarepaguá tem muitos tb), só faltou vc falar da Hugo Bezerra, que completa esse oásis (um barato ver meu prédio na foto!rs). Uma amiga disse que essa parte parece muito com o subúrbio de Boston. A praça realmente mudou de nome, mas como disseram, os moradores não foram consultados. Conheci o homenageado, pessoa mui respeitosa, um ícone do bairro, merecia essa homenagem, mas não ali, poderia ser na praça RG do norte, na rua Pernambuco, no mesmo bairro. Uma curiosidade: todas as ruas tinham nomes indígenas, atualmente só restavam a rua Jurunas e Itapema, além das praças. Agora tiraram o "Amambaí", e com isso, a cultura nativa vai sumindo da história do país, uma tristeza... Andaram fazendo maquiagem na Amambaí, mas isso não deve ser obra de vereadores, como disseram acima, mas sim da prefeitura! Aliás, a pedido de um vereador, colocaram um quiosque e banheiro ali, a destruição da praça! Por enquanto, os prédios tipo Barra estão sendo feitos no Bairro lá do outro lado (sim, o bairro vai até depois da antiga suburbana). Obs: a rua Fábio da Luz (Méier ou E. de Dentro?) é a miniBarra do bairro, muito condomínio p/ uma rua que não dá vazão. Sugestão, conhecis eu (excelente) blog agora, não seis e já fez, mas vale à pena fazer um post sobre o bairro Água Santa, um lindo bairro, abandonado pelo poder público e destruído pela linha amarela. Abraços!
Bem, não faz parte do seu objeto de investigação, mas vale deixar registrado: As obras incompletas do Engenhão p/ o PAM, destruíram o bairro. Não fizeram as obras no Entorno do estádio ( a exemplo do que fizeram com a linha amarela e que destruiu os bairros da Freguesia, Pechincha e Taquara. Resultado, engarrafamentos, estádio contramão demais p/ quem mora longe do estádio (onde está a rodoviária do E.d e dentro prometida?), passarela do trem incompleta (um absurdo isso, em dia de clássico, imagine 15000 pessoas tentando atravessar a estação de trem?! Já fui assaltado ali, alargamento de rua, duplicação do viaduto do Méier, obra do viaduto do E. de Dentro e ligação entre os dois viadutos, polo gastronômico que não saiu do papel, ou seja, largaram o bairro de qualquer jeito. Uma pena...
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