27.12.09

Como cuidar das ruas em 2010

O ano de 2009 está acabando e, como de praxe, nesta época, muitas pessoas fazem listas de desejos e de objetivos a serem alcançados para o ano que vai entrar. Pois bem, nada mais justo que se crie também essa mesma lista fundamentada em outra idéia: a de nos melhorarmos como cidadãos. Os cariocas estão precisando, né não?
Vamos lá!


Imagem reproduzida através do link www.cepeca.org.br/.../tela32.htmlObjetivo nº 1 - Em 2010, eu, cidadão, que possuo um cachorrinho de estimação, não mais deixarei que ele defeque as ruas do meu bairro, muito menos que suje as calçadas dos meus vizinhos. Quando for passear com ele, levarei sempre um kit limpeza para recolher suas fezes. Nada mais justo; afinal, o animal é ele, e não eu.

Objetivo nº 2 - Em 2010, eu, cidadão fumante, não jogarei mais as pontas do meu cigarro pelo chão para depois pisar sobre elas e abandoná-las ali, enfeiando o aspecto e a estética das ruas do Rio. Será uma tarefa difícil de ser realizada, pois terei de recolher as pontas; entretanto, farei este esforço para o bem de todos - inclusive o meu, que pensarei duas vezes antes de tragar um cigarro.

Foto reproduzida através do link http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/foto/0,,20634937-FMM,00.jpgObjetivo nº 3 - Em 2010, eu, cidadão consumidor, não mais jogarei lixo pelas vias de trânsito e pelas areias das praias cariocas. Aquele papel de bala consumido será guardado no meu bolso até que seja encontrada uma lixeira. O mesmo vale para papéis de propaganda, palitos de sorvete, pacotes de biscoito, latinhas de cerveja, entre muitos outros exemplos do nível.

Objetivo nº 4 - Em 2010, eu, cidadão do sexo masculino, pensarei mais no próximo e no bem-estar das pessoas que também habitam a minha cidade ao urinar pelas ruas do Rio. No Carnaval, a tarefa de se disponibilizarem banheiros públicos será da prefeitura, porém, em caso de ausência destes, o bom senso partirá de mim.

Objetivo nº 5 - Em 2010, eu, cidadão apaixonado pela liberdade e pela não existência de regras, passarei a reconhecê-las como meios importantes de se manter a ordem e não mais depredarei o patrimônio público, onde incluem-se: placas indicativas de logradouro e de trânsito, bancos de cimento, lixeiras, relógios públicos, acessórios de monumentos (inclusive o óculos do Drummond), postes...

Objetivo nº 6 - Em 2010, eu, cidadão aficionado por futebol, contribuirei para que os jogos no Maracanã sejam mais amigáveis e menos violentos, permitindo, desta forma, que famílias voltem a frequentar este espaço, que é de todos.

Foto reproduzida disponível no link http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2008/11/213_1221-eurep-calcada1.jpgObjetivo nº 7 - Em 2010, eu, cidadão motorista, respeitarei mais as leis de trânsito, sendo mais solidário, paciente e responsável ao volante. Não mais estacionarei nas calçadas e darei passagem a um pedestre sempre que for possível, desde que ambos estejam em sua zona de respeito e de direitos. Se beber, não dirigirei, e orientarei aos outros motoristas para que ajam da mesma forma.

Objetivo nº 8 - Em 2010, eu, cidadão engajado, passarei a participar mais das associações de moradores da minha comunidade, reinvindicando os meus direitos, fiscalizando os delitos que interferem no bom funcionamento do espaço urbano e cobrando das autoridades os devidos reparos em caso de injustiça ou negligência.

Objetivo nº 9 - Em 2010, eu, cidadão consciente, valorizarei os espaços verdes da minha rua, do meu bairro e da minha cidade. Cuidarei para que os jardins não sofram a ação de vândalos, para que eles cresçam, floresçam e nos presenteie, desta forma, com sua beleza e cor. Cuidarei das árvores, pedindo sempre à Fundação Parques e Jardins que faça reparos nos galhos das árvores já nascidas e que se façam nascer novas nas ruas que não possuem essa riqueza natural.

Objetivo nº 10 - Eu, cidadão carioca, que se orgulha da sua cidade e que a respeita, prometo pôr em prática todos os objetivos acima enumerados. Prometo não me esquecer deles, assim como não me esquecerei de que a atitude vale mais do que a palavra. Se eu quero que as coisas melhorem, é preciso fazer por onde. A minha parte farei, e caberá a mim, também, influenciar e educar as pessoas que não têm acesso a estas informações.

Cariocas, paulistanos, mineiros, baianos, capixabas, brasileiros... tais metas servem para todos.

Foto do link oglobo.globo.com/rio/mat/2007/12/12/327560343.asp

Um feliz 2010,
de muito progresso e paz!

23.12.09

Panoramas Rápidos (6) - Humaitá


EM MEIO AO CAOS do trânsito carioca, o bairro do Humaitá, na Zona Sul, também sabe guardar recantos bucólicos e simpáticos. A rua da foto é a Desembargador Burle, que conta com edifícios lindíssimos, jardinagem em abundância e uma vista deslumbrante para o Corcovado e o Cristo Redentor.

8.12.09

O que os anos fizeram com a Ouvidor... (parte 2/2)

Post produzido em parceria com o site Rio na Veia (rionaveia.com.br), que tem dado uma força gigante à divulgação do As Ruas do Rio

(Continuação...)


Adentrei a Rua do Ouvidor, passando pela Travessa do Comércio, esperei pelo menos uns dois minutos até o sinal da Primeiro de Março fechar para os pedestres, senti o forte ar-condicionado da Saraiva Mega Store do lado de fora, não resisti e entrei um pouco, saí novamente, esperei mais um pouco até poder cruzar a Rio Branco, tropecei em uma pedra na esquina com a Rua Uruguaiana, e lá avistei, ao fundo, o prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e, finalmente, o término da Rua do Ouvidor: eu estava já na outra extremidade. Reativando meus seis sentidos à análise, pude constatar uma diferença sonora bastante diferente daquela que existia no cruzamento com a Rua do Mercado. O.k., falar de freadas e buzinadas de ônibus não seria o mais aceitável, afinal, ambas áreas do Centro convivem com tal tipo de ruído; o barulho ali é humano. Poluição sonora mesmo, que dependendo do seu estado de humor, pode ser um prato cheio para a diversão – ou então, sinônimo de estresse.


APÓS A EXCURSÃO pelo cruzamento da Rua do Ouvidor com a do Mercado, fui em direção ao outro ponto de trabalho: o encontro da Ouvidor com o Largo de São Francisco. Antes com um visual clean, a Ouvidor agora é extremamente poluída - seja por sons, lixos ou visualmente falando. Ao fundo, o prédio do IFCS, da UFRJ.


"Cerveja, água, Skol, aqui comigo! É 2 reais!", grita um ambulante.

"Antena parabólica aqui na mão do camelô. Você vai ver os canais da TV à cabo diretamente dessa antena especial! Alô freguês, chega mais", berrava outro, em competição, desta vez em um auto-falante.



E é mate pra cá, R$ 1,99 pra lá, piratarias pra lá... Assim a Rua do Ouvidor termina, como se fosse uma espécie de camelódromo ambulante, já preparado sagazmente para qualquer tipo de aparição policial ou fiscalizadora. Mesmo sofrendo todos os riscos possíveis, os camelôs sorriem, dão gargalhadas, fazem piadas – parece que nada abala o bom humor do carioca. Nem mesmo o calor quase desumano do Centro da cidade. E os pedestres circulam em meio a esse muvuca, pedestres esses bem mais despojados que os que circulam pela região da Rua do Mercado; vestem bermudas, regatas, vestidinhos, sandálias rasteiras, Havaianas, refletindo bem o clima informal deste trecho da Rua do Ouvidor. O comércio legalizado também atende à clientela mais popular: lojas de calçados e tecidos recheados de promoção, os famosos “Chinas” com a dobradinha “ joelho mais refresco” por R$ 1,99, além de outros, tudo isso em meio a uma arquitetura também imponente, mas não tão conservada e valorizada como a dos arredores da Rua do Mercado. Entretanto, em meio ao caos, é impossível passar por ali e não achar graça em algo; mesmo com todas as adversidades, o carioca sabe divertir os pequenos detalhes do dia-a-dia.


ESTE TRECHO da Ouvidor tem de um tudo: papelarias, lojas de tecido, sebos e muito camelô. O tipo de comércio acaba sendo influenciado (e influencia!) o público da região, que é bem popular. As duas extremidades da Rua do Ouvidor são, de fato, muito distintas.


Dali eu saí com a cabeça a mil, com idéias e mais idéias sobre o que escrever, revendo as fotos registradas na máquina, e com um outro tipo de sentimento que nos foge, amiúde – o sentimento de íntima satisfação, de orgulho pelas minhas raízes. Ser natural de uma cidade que mistura, em um pequeno espaço territorial, diferentes funções, perfis sociais, aparências, e história, muita história, simboliza mais riqueza que muitas contas bancárias por aí afora...

6.12.09

O que os anos fizeram com a Ouvidor... (parte 1/2)

Post produzido em parceria com o site Rio na Veia (rionaveia.com.br), que tem dado uma força gigante à divulgação do As Ruas do Rio


Lá se vai mais de um século e meio, quase, desde que a Rua do Ouvidor perdeu seu posto de “Leblon” do Rio colonial para tornar-se em mais uma das ruas antigas – e estreitas – do Centro da cidade. Os diferentes e variados sobrados existente ao longo da Ouvidor deixaram de ser as residências das camadas altas da sociedade e têm se transformado constantemente ao longo do tempo, seja na sua funcionalidade, estrutura e até mesmo em sua existência – que deveria ser perpétua.

E a pergunta fica: como está a Ouvidor hoje, nesse fim da década dos anos 2000? Muita gente passa diariamente por esta simpática via, mas não se dá ao luxo de observar suas disparidades e de como um mesmo logradouro pode ter a incrível capacidade – e potencial – de abrigar, em diferentes trechos, dezenas de funções, sonoridades e interesses que influenciam e muito na frequência da rua. Como muitas outras ruas cariocas, a do Ouvidor tem essa incrível particularidade.

Nessa análise, vamos passear nas extremidades da Rua do Ouvidor: a primeira, é o cruzamento com a Rua do Mercado, logo ali nas imediações da Praça XV; a segunda ponta, seria o seu encontro com a Rua Ramalho Ortigão, lá no Largo de São Francisco. Dois pontos bastante distintos, mas que mantêm um mesmo elemento em comum: a Rua do Ouvidor, como endereço oficial.


REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA das duas áreas trabalhadas e fotografas: as extremidades da Rua do Ouvidor.


A Ouvidor x Mercado poderia se passar tranquilamente por cenário de filmes e/ou novelas de época se não fossem os automóveis nada antigos por ali estacionados – mal, diga-se de passagem (confira na foto ao lado). Obstruindo o cruzamento, afinal, os trechos das ruas do Mercado e do Ouvidor que não dão acesso ao trânsito de veículos são justamente estes, os automóveis ali parados contrastam com a tranquilidade histórica remetida pelos belos sobrados da região. E o melhor: sobrados restaurados, devidamente pintados, sem aquela cara de imóvel caquético caindo aos pedaços. Eles têm vida, não só pela bela arquitetura realçada pelo toque de manutenção, embora, também, pelo tipo de significado que hoje eles possuem naquele espaço urbano.


A RIQUEZA DOS detalhes da arquitetura dos sobrados e a sua boa preservação estimulou a freqüência da classe média nesta esquina, não só nos dias úteis, mas também nos fins de semana, inclusive. Os restaurantes e bares da área estão cada vez mais badalados, contribuindo diretamente com a estética urbana.


A maioria dos sobrados daquela área se dedica às atividades comerciais, mais especificamente falando, ao comércio dos comes & bebes. Local estratégico, pois é justamente nesta localidade do Centro onde existem os maiores escritórios do ramo financeiro (a Bolsa do Rio fica a poucos metros dali) e é para esse festival gastronômico que os trabalhadores partem na hora do almoço ou após o expediente – happy hour mais carioca que este não há. Quando falo trabalhadores, não me refiro a qualquer tipo de trabalhador – na sua grande maioria, são aqueles compostos por executivos, trajados em terno, gravata, sapato, que só não andam impecáveis porque esse calorzão do Rio não permite. Por outro lado, as mulheres também não cometem deslizes: terninhos, saltos altos e óculos – escuros, é lógico. A esquina Ouvidor x Mercado atinge um público-alvo baseado na classe média para cima, público este que acaba sendo refletido não só pelo comércio (como o restaurante árabe Al Khayam e a livraria Folha Seca, ali pertinho também) mas pela boa limpeza local, como um todo.


A REGIÃO, QUE é conhecida como o pólo bancário do Centro do Rio (a Bolsa fica logo ali, veja na 3ª foto), teve, ao longo desta década, seu tipo de serviços modificado para atender ao perfil de público que circula por ali, isto é, um perfil menos popular que o das demais áreas.


O cuidado dado às calçadas e aos paralelepípedos também são dignos de uma área melhor preservada, e isso não é exatamente graças à boa vontade do povo, mas sim à de quem planeja, executa e fiscaliza...

(Fim da parte 1. Continua... Aguarde!)

4.12.09

Panoramas Rápidos (5) | Grajaú


O VISUAL DA foto fica localizado na Praça Edmundo Rêgo, no bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio. Aos feriados e domingos, essa simpática praça lota de crianças e de pessoas das mais diferentes idades. Rolam atividades ao ar livre, barraquinhas de artesanato e passeios à cavalo. Tudo ali pertinho da Reserva Florestal, com vista espetacular para o Pico do Papagaio!

30.11.09

Panoramas Rápidos (4) | Santa Teresa


ESSE É o Largo do Curvelo com a Rua Almirante Alexandrino, no bairro de Santa Teresa. Ali é a primeira parada dos bondes que partem do Largo da Carioca em direção ao bairro. Passeio ótimo para um dia de sol!

25.11.09

Panoramas Rápidos (3) | Centro


TRÂNSITO INTENSO, edifícios empresariais e muita gente. Muita mesmo. Esse é o panorama da Avenida República do Chile, no Centro do Rio. Ao fundo, a esquina com a Rua Senador Dantas e o prédio do Liceu Literário Português.


VISTA ATRAVÉS DA PONTE que liga o prédio do BNDES ao da Petrobrás sob a Avenida República do Chile. Na foto, a pista com trânsito intenso vai em direção à Avenida Almirante Barroso e ao Castelo. À esquerda da foto, localiza-se a Praça Estado da Guanabara - mais popularmente conhecida como Largo da Carioca. Uma observação é a pouca quantidade de árvores no local: muito concreto para pouco verde; logo, calor em demasia.

19.11.09

Panoramas Rápidos (2) | Gávea


LOCAL BOÊMIO, a praça da foto é a Santos Dummont, mais conhecida como Baixo Gávea ou Praça do Jóquei, na Zona Sul da cidade. O destaque fica para o ponto de ônibus que dá para a Rua Jardim Botânico.

15.11.09

Méier: um dos novos eldorados cariocas

Que o bairro do Méier sempre foi muito respeitado na área suburbana da cidade do Rio, não existem dúvidas. Considerado nos áureos tempos como a capital do subúrbio, pelo seu forte comércio e apelo tradicional, o Méier, nos dias de hoje, já não faz muito jus a este título. O comércio de alta qualidade da Rua Dias da Cruz, a principal via do bairro, migra gradativamente para os shoppings centers, desconfigurando o símbolo de compras que o bairro remetia. Entretanto, outrora respeitado por tais motivos, hoje o Méier é sinônimo de investimentos maciços no ramo imobiliário; são dezenas de novos prédios (ao lado) e condomínios lançados por ano, nos moldes dos da Barra da Tijuca, criando uma ilha de consumo na Zona Norte nunca antes vista. A paisagem mudou e muita gente tem ido morar lá também.


REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA do local fotografado, a Rua Barão de São Borja, pintado de verde.


Um dos diversos exemplos deste panorama econômico e urbano é a Rua Barão de São Borja, no próprio bairro. Com localização considerada nobre, por estar situada em um dos melhores pontos do bairro e de rápido acesso à Linha Amarela, via Rua Dias da Cruz, a Barão de São Borja vem perdendo – aliás, acho que já perdeu – sua identidade calma, rural, típica dos bairros suburbanos da Zona Norte, adquirindo um outro aspecto, com elementos em atrito.


OS DOIS LADOS da esquina da Rua Barão de São Borja com a Rua Dias da Cruz: a Churrascaria Cometa e outras pequenas lojas, em destaque.



MAIS DO início da Barão de São Borja, nos arredores da Rua Dias da Cruz.


A via é pequena. Tem seu início na Rua Dias da Cruz e termina lá em cima, na Rua dos Carijós. Nenhuma outra rua a corta; ela é reta, contínua e razoavelmente comercial. Na extremidade com a Dias da Cruz, um dos imóveis é ocupado pela Churrascaria Cometa do Sul (antiga filial da Pizzaria Domino’s); no outro, lojinhas de porta, muitas delas antigas, como uma de confecções de biquinis, em meio a canteiros com palmeiras e grama necessitando um aparo. Os prédios da esquina são bem antigos, onde a portaria é apenas uma portinha e o resto do térreo ocupado por comércio. Mas esse tipo de edifícios muda ao longo da rua. Ah, se muda!


POR SEQÜÊNCIA: 1. A via conta com guaritas particulares em todo o seu percurso - no total, são dois, contando com esta cabine | 2. Exemplo de casas simples, de apenas um pavimento - muitas delas estão sendo demolidas. | 3. Panorama da rua, a partir do lado ímpar da calçada. Destaque aos prédios adiante.


Não é preciso adentrar muito a Barão de São Borja para saber de que se trata de uma rua simpática. Isso fica muito, também, a cargo das árvores e canteiros que ocupam as calçadas. Digo e repito: mais do que qualquer edifício sofisticados, calçada bem cuidada ou rua perfeitamente asfaltada, as árvores e os jardins são os mais imprescíndiveis elementos de luxo das nossas ruas. Simples ou mais bem ornamentados, não importa!, a natureza merece seu espaço, pois harmoniza e muito o ambiente. Ainda mais tratando-se da Rua Barão de São Borja...


O CONVÍVIO DE casas e edifícios em uma rua onde o predomínio das primeiras era majoritário até meados da década de 1990.


Adoro progressos - principalmente tratando-se dos urbanos -, mas em alguns lugares o processo pode chocar. Um choque natural, apenas curioso, das disparidades. Sabe aquelas casinhas simpáticas, amplas, muito bem caracterizadas no post do dia 30/10, sobre o bairro do Engenho de Dentro, que fica ali do lado? Pois bem; a Barão de São Borja também era exatamente assim, e perde cada vez mais espaço para os lançamentos imobiliários, edifícios altooooos, que distoam do aspecto das casas pequenas ao longo da rua. Muitas delas foram demolidas, algumas ainda resistem. E dá um dó... Ao lado, há um exemplo. Abaixo, outro, só que mais impactante, veja!


A CASA DO número 34 da Rua Barão de São Borja, pequena e adorável, vive hoje espremida ao lado de um prédio recém-construído. A perda da privacidade e dos espaços livres é uma das características deste processo de transformação da Zona Norte suburbana.


O SINÔNIMO DE tranqüilidade da rua pode ser conferido pelo redutor de velocidade, os quebra-molas.


MAIS CASAS, sendo uma delas onde funciona o curso de inglês IBEU, e ao lado, mais um dos recentes edifícios da região.


Algumas das casas são apenas de um pavimento, e essas são as mais simples. A média geral, mesmo, fica por conta dos imóveis de até dois pavimentos, umas com aspecto mais decadente, outras nem tanto, mas que ressaltam muito bem a riqueza da arquitetura – principalmente os detalhes. Isso vale desde à moldura das janelas até ao desenho e à forma das grades dos portões e muros. Quanto aos prédios, não preciso nem comentar, pois o modelo deles é, basicamente, o mesmo: altos e com varandões. Uns “monstros”, em meio ao clima pastoral oferecido por algumas casas.


AS CASAS, já nos arredores da Rua dos Carijós: final do percurso.



ALUGA-SE: casa bonitinha, não?


Na verdade, o que se vê na Rua Barão de São Borja é uma diversidade de estilos, bem misturados. Foco-me muito na relação dos edifícios com as casas, embora exista também uma relação entre elas. As mais simples são de períodos anteriores àquelas com toques mais modernistas. Algumas outras já não possuem uma identidade de estilo tão perceptível, visto que intervenções não muito bem planejadas foram realizadas e a descaracterização se obteve.

No entanto, é inegável contestar a contextualização exposta no início deste post: os edifícios, mesmo que em minoria (ainda!), chamam a atenção por quem ali transita, e indicam, sem dúvidas, o futuro do espaço urbano da área. Esta é a tendência, e tais verticalizações pomposas têm tudo para dar certo; afinal, ali é um prato cheio para a classe média: ruas simpáticas, tranqüilas, com ares bucólicos. No Méier tem isso... só que até quando? Esta é a hora mais propícia da Zona Norte receber o planejamento que não recebeu no período de urbanização da cidade. Se o futuro do Rio é a expansão ao norte, que sejam valorizados tais procedimentos por ali. Que se reescreva a história de uma região que cresceu desordenadamente e, agora, pode ter a chance de se auto-regenerar com a merecida atenção e limites, controlados diretamente pelos órgãos superiores. E vivamos felizes para sempre!


AS FOTOS ACIMA registram as imediações da Barão de São Borja com a Rua dos Carijós, outra rua simpática e com cada vez mais novos lançamentos imobiliários; ponto nobre da região do Méier.


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13.11.09

Panoramas Rápidos (1) | Botafogo


CONFLUÊNCIA da Rua Lauro Müller com a Praça Juliano Moreira, no bairro de Botafogo. Ao fundo, a casa de espetáculos Canecão Petrobrás, e ao lado, o imóvel onde funcionava o Bingo Botafogo - hoje, desativado.

7.11.09

Rio, City of Splendour

James A. Fitzpatrick foi um documentarista e diretor americano que, nas primeiras décadas do século passado, percorreu diversas cidades filmando-as para a sua série de documentários nomeada de Fitzpatrick Traveltalks e The Voice of the Globe. Uma dessas cidades, é claro, foi a então capital federal do Brasil, o Rio de Janeiro, cujo filme foi lançado em 1936 - City of Splendour - sob o selo da MGM. O Rio filmado por Fitzpatrick é realmente um barato, e o que mais chamou-me a atenção foi a beleza extraordinária da Cinelândia, com pedras portuguesas limpinhas, bem ajardinada, e o melhor: sem mendigos. A Praça Paris, também, é outro ponto: podem passar quantos anos forem, mas ela sempre continuará bela. O que mais? Melhor assistir o vídeo. Duração de oito minutinhos com filmagens raras do espaço urbano carioca na década de 30.

30.10.09

O oásis do Engenho de Dentro


IMAGEM DE SATÉLITE do local fotografado, com o local pintado em verde, no bairro do Engenho de Dentro: observe que a região é composta, majoritariamente, por casas.


O post de hoje é bastante especial pois, pela primeira vez, trago fotos de uma região da Zona Norte cuja qual ainda não havia publicado: o subúrbio. Para inaugurar esta seção, eu percorri duas praças e as ruas adjacentes de uma área muito simpática do bairro do Engenho de Dentro, na terça-feira passada. Em detalhes, os protagonistas da matéria de hoje são as praças Amambaí (foto ao lado) e Itapevi, e as ruas que as conectam, Alberto Leite e Itapema, que ficam ali perto do Largo da Chave de Ouro e do pólo comercial da Rua Dias da Cruz. Se você nunca andou por dentro do emaranhado de ruas do bairro do Engenhão, não perca a oportunidade de conhecê-lo, em parte, aqui n'As Ruas do Rio!

Primeiro de tudo, vale lembrar que o Engenho de Dentro é o típico bairro suburbano: uma estação de trem com vias expressas estreitas (foto ao lado), imóveis antigos – entre eles, sobrados e casas, muitas casas! –, e um certo ar de decadência, fruto da ausência de novos investimentos. Porém, diferentemente de muitas áreas do subúrbio carioca, onde a paisagem é, em geral, muito degradada e abandonada, esta partezinha do Engenho de Dentro foge à regra, e mostra-se resistente, apesar dos pesares.


O PANORAMA da Praça Amambaí e o seu entorno, composto por belas casas: endereço tradicional na região do Grande Méier.


Eu iniciei o meu percurso a partir da Praça Amambaí, localizada em uma quadra entre as ruas Hugo Bezerra e Alberto Leite. De tamanho médio e aconchegante, a praça é bem conservada, tem playground, jardins e mesas, onde muitos vovôs passam as manhãs no jogo de cartas (foto ao lado). Sem falar na arborização em abundância! Uma área de lazer valiosíssima, que dá prazer em saber que existe e que continua dentro dos padrões normais de funcionalidade. Fiquei feliz, afinal, é raro, hoje em dia, ver uma praça bem-cuidada fora do eixo Zona Sul – Barra. Ponto para o Engenho de Dentro!


O LOCAL É utilizado, principalmente, por crianças e pessoas da terceira idade. À noite, a praça vira área de ginástica, onde muitas pessoas praticam o jogging no seu entorno.



TANTO NA PRAÇA como nas ruas adjacentes, as casas são espaçosas e de poucos pavimentos. Um detalhe peculiar é a figura de santos religiosos no topo das fachadas.


As casas no entorno da Praça Amambaí e ao longo da Rua Alberto Leite (fotos ao lado) são construções dos tempos áureos do subúrbio: casas amplas, varandas enormes, muros baixos, arquitetura exclusiva e, na grande maioria delas, a figura de algum santo religioso no topo da fachada. Embora se note um ar de decadência, os imóveis possuem todo um glamour, resquícios do passado, construídos pela classe média alta que ali morou – e que ainda mora! Dentre essa classe média, muitos profissionais liberais, que até hoje mantêm nos seus portões pequenas placas com o nome do próprio e a sua formação e especialidade. Aliás, essa característica é muito peculiar à esta região e às adjacentes, como o bairro do Méier, por exemplo.


AS CASAS DA RUA Alberto Leite nos remete aos tempos áureos vividos pelo subúrbio, com suas construções imponentes e amplas. Nos dias de hoje, o charme de algumas casas ainda estão preservados, embora se note um toque de decadência na manutenção de outras.



ÁRVORES COINCIDENTEMENTE padronizadas na Rua Alberto Leite valorizam o aspecto das calçadas, em meio aos canteiros de plantas e flores. A área, por ser tranqüila, possui redutores de velocidade (os famosos quebra-molas).


A amplitude das calçadas e da via também chama a atenção: ambas são suficientemente espaçosas, o que nos mostra o reflexo de um projeto de urbanismo bem-sucedido. As árvores têm estruturas parecidas, constituindo um aspecto padronizado à Rua Alberto Leite, e estão separadas por distâncias iguais. Entre uma ou outra, alguns arbustinhos e canteiros de plantas e flores, que fazem toda a diferença na avaliação da paisagem. Agora o mais charmoso de tudo são as cestinhas de ferro fincadas na frente de cada casa (exemplo na foto à esquerda); ao invés das sacas de lixo ficarem espalhadas pela calçada, a cesta de ferro as abriga, proporcionando um visual mais clean à rua – literalmente!


AS PROXIMIDADES das esquinas da Rua Alberto Leite com a Rua Itapema.


A esquina da Alberto Leite com a Rua Itapema é outro cantinho simpático, com os pequenos arbustinhos em canteiros de cimento subindo a ladeirinha que constitui a parte mais elevada deste trecho da Itapema (foto ao lado). Aliás, ali as casas são mais altas, devido ao relevo, mas continuam imponentes, e o que eram raros, até então, começam a aparecer: edifícios!, logo ali, pela esquina com a Rua Jurunas, de cara com a Praça Itapevi.


OS IMÓVEIS NA RUA Itapema são mais verticalizados e com escadas, devido à elevação do relevo neste trecho da via.



ATÉ ENTÃO RARO, um edifício com mais de cinco pavimentos aparece na esquina da Rua Itapema com Jurunas. Ao lado, o panorama da Itapema, com suas casas e a ladeirinha: ruazinha simpática.



A CHEGADA À PRAÇA Itapevi através da subida pela Rua Itapema.


A Praça Itapevi se situa em um recuo bem no encontro das ruas Jurunas e Itapema, e o seu entorno é composto também por casas e alguns poucos prédios. Menos arborizada que a Praça Amambaí, o playground está em ótimo estado de conservação (viva!), assim como os canteiros bem-cuidados e pintados, sem nenhum tipo de pichação. Coisa rara! Agora o que não é nada raro por ali são os postes com luz acesa em plena manhã (foto ao lado). Não só no Engenho de Dentro, mas como em muitos outros lugares do Rio, inclusive no Leblon, local onde eu cheguei a fazer um comentário sobre o poste aceso da Rua Carlos Góis, no post do dia 8 de Agosto de 2009. São cenas lamentáveis...


A CASA AMARELA da Praça Itapevi e um terreno baldio, cercado por muro grafitado com a bandeira do Brasil: pinturas relacionadas aos jogos de Copa do Mundo no chão e nas paredes das ruas são particularidades do subúrbio.


O grande barato mesmo em relação ao local percorrido do post de hoje é o de observar a forma como se dispõem os elementos urbanos no espaço. Quem está acostumado a percorrer áreas extremamente adensadas, nota que no Engenho de Dentro os terrenos de cada casa são bastante espaçosos e amplos. Diferentemente de lugares como a Zona Sul, por exemplo, onde em uma rua existem centenas de portarias uma ao lado da outra, em terrenos não tão largos, o subúrbio tem de bom essa coisa da qualidade do viver bem, em um espaço suficientemente satisfatório para as necessidades físicas de cada indivíduo. Isso pôde ser comprovado pelas casas fotografadas – elas são megaconfortáveis. E charmosas. Assim como as ruas, calminhas e aprazíveis. Um oásis em pleno Engenho de Dentro.


FINAL DO PERCURSO: vista de parte da Praça Itapevi e a descida da Rua Itapema sob a perspectiva da Rua Jurunas.


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