28.7.09

Uma volta pela Avenida Henrique Valadares e Praça da Cruz Vermelha

Cruzamento da Rua Riachuelo e Avenida Henrique Valadares, no Centro

Estive no Centro da cidade para a publicação de hoje, mais especificamente na região da Praça da Cruz Vermelha. Como o próprio nome já nos induz a pensar, essa área histórica é composta por diversas unidades hospitalares da rede pública, assim como sobrados e edifícios que lutam pela sobrevivência perante os anos que passam, expondo a fragilidade da má conservação aos olhos dos pedestres. As fotos aqui mostradas registram o início da Avenida Henrique Valadares, na esquina com a Rua do Riachuelo e o Túnel Mem de Sá, até a Praça da Cruz Vermelha. Acompanhe-me!

Com trânsito pesado constituído por carros e muitas linhas de ônibus, a Avenida Henrique Valadares recebe todo o fluxo de veículos originários das regiões do Sambódromo e da Tijuca através do Túnel Martim de Sá, que corta o Morro de Santa Teresa onde está a Rua Paula Matos. O túnel, de mão única, assim como os muitos túneis do Rio de Janeiro, encontra-se em péssimo estado de conservação e de segurança também, embora haja uma cabine da Polícia Militar (13ª BPM) logo na saída deste.


A saída do Túnel Martim de Sá, na Rua do Riachuelo: trânsito que vem do Catumbi.

Panorama da Avenida Henrique Valadares com o Posto de Assistência Médica Oswaldo Cruz à direita

Como havia comentado, a região comporta muitos hospitais e clínicas. Logo na esquina da Riachuelo com a Avenida Henrique Valadares temos o tradicional Hospital da Obra Portuguesa de Assistência, recentemente renomeado como Hospital Egas Moniz. Fundado no início da década de 1920, esse hospital foi destinado, a priori, a amparar os imigrantes portugueses que chegavam no Rio de Janeiro, prestando assistência médica e farmacêutica aos sócios e às suas famílias, assim como assistência jurídicas e de trabalho. Hoje em dia, funcionando como uma rede privada de serviço, a Obra Portuguesa de Assistência manteve sua fachada original, sendo, com certeza, um dos mais belos edifícios desse logradouro. É uma grande sorte que imóveis desse porte e dessa beleza tão peculiar do nosso passado século sejam mantidos e bem-cuidados como a Obra Portuguesa cuida, embora outros endereços de saúde já não contem com a mesma dedicação e esmero, como veremos a seguir.

Exatamente no outro lado da rua, funciona o Posto de Assistência Médica Oswaldo Cruz (antigo PAM – Henrique Valadares), no número 151, em um edifício sujo, pichado e, quem sabe, caindo aos pedaços. Nunca entrei neste PAM para confirmar o suposto estado precário de suas instalações, mas seria de grande agrado deduzir que, por dentro, a aparência esteja um pouco melhor do que por fora. Logo ao lado, há também um antigo sobrado, de aparência bastante lamentável, apesar de estar um pouco menos sujo que o vizinho. Nas minhas andanças pelas ruas do Rio, o que me agrada de fato é admirar essas belas e antigas construções pois são de um charme indescritível. No térreo desse sobrado funciona uma espécie de loja de fotocópias.

O Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro, na esquina com a Rua Tenente Possolo

Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro - IASERJ 

Famoso pelas propagandas em outdoors e cartazes nas traseiras dos ônibus, o hotel Snob funciona ali na Henrique Valadares em meio a jardins e vasos de palmeiras, oferecendo um aspecto bem agradável ao trecho da calçada em que se localiza. O comércio local é constituído, ainda, pelas filias da Curves – academia para mulheres - e do Spoleto – culinária italiana –, no térreo de um edifício amarelo antigo bastante simpático na esquina da Rua Conselheiro Josino. Outra construção que chama bastante a atenção pela imponência e beleza arquitetônica fica justo no cruzamento da Rua Tenente Possolo. É nesse ponto onde se situa o Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro, fundado em 1932. Ponto de referência para os judeus cariocas, foi tombado em 1987 e, desde então, só abre para as “Grandes Festas”, eventos especiais e visitação turística.

Já chegando no encontro com a Praça da Cruz Vermelha, um vaivém de pessoas e de carros não deixa enganar: o IASERJ – Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro – é um dos hospitais mais movimentados da cidade e, ainda mais nesta época de epidemia (a tal da Gripe H1N1, vulgo Suína), o que mais pude ver nos hospitais da área eram pessoas com tapas-boca, principalmente idosos, e de aparência bastante debilitada. Virando a esquina, à direita, já no território da praça, está o vizinho INCA – Hospital do Câncer I, com o mesmo fluxo intenso de pessoas, em um prédio que destoa bastante da arquitetura predominante da região.

Edifício Moraes, na Praça da Cruz Vermelha: art déco.

A Praça da Cruz Vermelha: rotatória entre as Avenidas Henrique Valadares e Mem de Sá.

Hospital da Cruz Vermelha, em 2009 

Continuando em sentido anti-horário, a esquina da praça com a Rua Carlos Sampaio é igualmente movimentadíssima de pessoas. Aliás, toda a praça é muito movimentada, não só de gente, mas de veículos também, recebendo todo o trânsito da Avenida Henrique Valadares e da Avenida Mem de Sá, outra importante via dessa parte do Centro do Rio. Cruzando a rua, tem-se um ponto de táxi – irregular, talvez, pois senti uma pequena apreensão vinda de um taxista que me abordara para perguntar o que eu estava fazendo fotografando ali – e o Bar e Restaurante Casa Vieira Souto, que de nada tem a ver com o luxo exuberante da avenida de mesmo nome, na zona sul da cidade. Sofisticado ou não, o cheiro da cozinha que chegava ao lado de fora do restaurante era bastante agradável, ainda mais ao meio-dia!

Placa pirulito da Avenida Henrique Valadares
Na quadra entre a Av. Henrique Valadares e a continuação da Rua Carlos Sampaio, situa-se o Hospital da Cruz Vermelha em um prédio de arquitetura esplendorosa, projetado pelo arquiteto Pedro Campofiorito e inaugurado em 1932. Tombado pelo Patrimônio Histórico, a sua conservação deixa a desejar: muitas pichações e sujeira, afinal, a tintura branca original de sua fachada tornou-se cinza. Triste, mas é o retrato do descaso dos nossos governantes e também da população carioca marginalizada, que insiste em depredar o que é bonito e importante. 

Tratando-se da Praça da Cruz Vermelha, diria que ela é bem heterogênea: crianças, idosos, músicos, artistas e mendigos convivem num mesmo espaço em meio às árvores e palmeiras instaladas no seu entorno em recente intervenção urbanística. Contando com um playground e uma tenda com mesas de concreto para jogos de carteado, essa praça circular, no século XIX, dava lugar ao Morro do Senado, derrubado totalmente no início do século XX como forma de integrar as áreas urbanas da cidade na administração do prefeito Pereira Passos.

O trecho final entre a Rua Carlos Sampaio e a Avenida Mem de Sá mantém uma série de sobrados do início do século XX cujos térreos abrigam diversas lojinhas e armazéns onde em cima, pelo que me pareceu, o uso é predominante residencial. Se não fossem os veículos a toda velocidade pela Praça da Cruz Vermelha, a sensação que se tem, caminhando por lá, é a de se estar em uma época bastante remota da nossa, onde a violência e o ar soturno das ruas deviam ser meros e insignificantes figurantes desta Cidade Maravilhosa. Quem sabe um dia não consigamos reverter esta situação? Nada é impossível, por mais difícil que seja.




Em tempo:
Quando eu estava nos arredores da Rua Conselheiro Josino, um senhor me deteve e pediu que eu registrasse uma cena bastante fofa: a amamentação dos filhotes de uma cadela vira-lata, que dormia no meio de uns moradores de rua por ali mesmo. Não sou muito fã de animais, mas foi emocionante ver estes dois filhotinhos tão pequenos e indefesos alimentando-se com gosto! E uma lástima para o abandono não só destes cachorros, mas também da população de rua, cada vez mais crescente pelo Centro da Cidade.

(texto revisado em 24/06/15)

14.7.09

Nos fundos do Baixo Gávea

As antigas escolas operárias na Praça Santos Dumont, hoje colégios municipais

O bairro da Gávea, na Zona Sul do Rio, pode ser considerado um lugar privilegiado: encurralado entre o Maciço da Tijuca e a Lagoa Rodrigo de Freitas, a região é um pólo de cultura e de gastronomia, além de manter viva a história da cidade através de suas ruas com a preservação de casas unifamiliares, uma vez que estas estão sumindo cada vez mais da Zona Sul para dar lugar a modernos e grandiosos edifícios comerciais e residenciais. A região exata onde fotografei – com grande número de casas, por sinal – fica nos fundos da Praça Santos Dumont. Ela é mais conhecida por Baixo Gávea pelos boêmios, ou por Praça do Jóquei pelos mais pragmáticos. Diferentemente de como costumo fazer, registrando fotos de apenas uma rua completa, desta vez eu fotografei um quarteirão, compreendido pela praça e as ruas Orsina da Fonseca, Major Rubens Vaz, José Roberto de Macedo Soares e dos Oitis.

A Rua Orsina da Fonseca possui poucos imóveis, sendo dois deles tombados pelo Patrimônio Histórico do Rio de Janeiro: as escolas municipais Manoel Cícero e Júlio de Castilhos. Localizadas uma em cada esquina da rua com a Praça Santos Dumont, elas foram construídas como escolas da vila operária que existia neste local do bairro da Gávea. Os imóveis funcionavam em conjunto na época da construção, na década de 20, abrigando ali a “Escola Profissional Feminina”. A conservação do imóvel, no entanto, deixa a desejar, como se pode ver nas fotos. Sendo Patrimônio Histórico da cidade, ambas as fachadas mereciam uma nova pintura, embora a ação dos pichadores contribua ainda mais com a deteriorização não só das escolas, mas como do mobiliário urbano da via também.

Minúscula e fechada ao trânsito, a Rua Orsina da Fonseca parece mais um pátio dos colégios que a cercam do que uma rua. Árvores e bancos foram instalados ao longo da via, até o seu término onde há uma casa, na esquina com a Rua Major Rubens Vaz, bem em frente ao murão colorido da sub-estação da Light.

A parede grafitada da sub-estação da Light
Casario na Rua Major Rubens Vaz

Rua José Roberto de M. Soares
Já na Rua Major Rubens Vaz, no trecho entre as ruas Orsina da Fonseca e José Roberto de Macedo Soares, casas e prédios de pequeno porte se alternam com árvores e canteiros com o cheiro de terra molhada e o vento gélido proveniente da floresta do Maciço da Tijuca, logo ali ao lado. Os dias frios e chuvosos no Rio – como tem sido nessa temporada de inverno – são bons nesse sentido, de proporcionarem as mais gostosas sensações relacionadas às cidades serranas e frias. E neste trecho do bairro, o inverno acentua ainda mais o agradável frescor que tanto destoa do nosso Rio de Janeiro extremamente calorento e abafado. Um privilégio para os moradores da Gávea e uma lástima para as fotos, que se restringem apenas à visão, e não a todos os outros sentidos captados à rua naquele momento.

Neste pedaço, as instalações modernas da filial da Escola Nova diferem da parede grafitada ao lado, pertencente à sub-estação de energia da Light. Logo em frente, há a filial do curso de inglês Britannia Juniors, em um imóvel azul-claro com as bordas das janelas em amarelo bastante simpático. Outra característica marcante desta rua são as casas. Embora estejam situadas em um lugar bastante valorizado, são casas e sobrados antigos, alguns bem-cuidados e bonitos e outros nem tanto.

Saindo da Major Rubens Vaz e entrando na Rua José Roberto de Macedo Soares, o que salta aos olhos, de fato, é o charmoso e moderno imóvel onde funciona a Galeria de Arte Anita Schwartz. Localizada no número 30 da rua, o estabelecimento apresenta exposições de arte, sala de vídeo e é totalmente adaptado para deficientes físicos. Além disso, o que impressiona também é o caráter religioso deste trecho da rua. O porquê? De um lado, há uma unidade da Instituição Religiosa Perfect Liberty, e, exatamente em frente, a Igreja Batista da Gávea.

Esquina da Major Rubens Vaz com José Roberto de Macedo Soares

O restaurante Guimas

Em direção à Rua dos Oitis, o movimento comercial na José Roberto de Macedo Soares vai crescendo e as casas se mostram mais requintadas do que àquelas vistas nos trechos anteriores da Major Rubens Vaz e Orsina da Fonseca. Prédios de baixo porte passam também a dividir espaço com restaurantes, entre eles, o Guimas, tradicionalíssimo na Gávea. Famoso pelo seu couvert – onde o próprio cliente escolhe o tipo de pão a ser consumido --, a fachada do restaurante é bastante graciosa, com flores e garçons de madeira em sua entrada. Logo ao lado do Guimas, segue-se o Menininha, uma loja de doces bastante discreta, mais conhecida pelo seu brigadeiro no copinho; e, por último, a Pe’ahi Temakeria, ao lado de uma loja de produtos para animais.

O pequeno trecho da Rua dos Oitis entre a Rua José Roberto de Macedo Soares e a Praça Santos Dumont pode ser considerado o pedaço mais badalado e concorrido do Baixo Gávea: de um lado, o Bar e Restaurante Hipódromo e, do outro, o Braseiro da Gávea. Concorridíssimos, principalmente às quintas-feiras e aos domingos, o local, boêmio, é um dos pontos mais badalados do Rio, sendo o Braseiro da Gávea eleito cinco vezes, pela revista Veja Rio, como o melhor lugar para azaração.

Casa da Gávea, junto ao Braseiro

Em cima do Braseiro da Gávea funciona a Casa da Gávea, local voltado para atividades culturais como estudos, debates e apresentações relacionadas à arte e cultura, além da produção de espetáculos teatrais, exposições, edições de livro, entre outros. O local contém biblioteca, estúdio de som, roteiroteca, videoteca e um banco de textos teatrais com espaço para representações experimentais, tendo capacidade para 80 pessoas.

Finalizando, o trecho da Praça Santos Dumont entre as ruas dos Oitis e Orsina da Fonseca apresenta alguns prédios residenciais e lojas de pequeno porte, como um armarinho e uma academia de ginástica, com entrada sóbria. O movimento mesmo fica por conta das babás vestidas rigorosamente de branco e suas respectivas crianças em direção aos jardins da praça, assim como da bagunça e falatório dos jovens, na saída das escolas municipais citados no início deste post. Ah, e o Cristo, lá em cima, olhando-nos a todos de braços abertos!

Texto revisado em 09/04/2014

3.7.09

Os dois lados da Rua Desembargador Isidro

Panorama da Rua Desembargador Isidro, na Tijuca: lado residencial.

Após um tempo pensando, e em dúvida, sobre qual seria a próxima rua a fotografar para postar aqui no As Ruas do Rio, lembrei-me da Rua Desembargador Isidro, na Tijuca, Zona Norte do Rio, por ser uma via com extremidades bem opostas: de um lado, uma área residencial e, n’outro, um pólo de comércio bastante intenso e movimentado, às margens da Praça Saens Peña. Além disso, vale a pena dizer que a Desembargador Isidro é uma rua emblemática na Tijuca, bastante conhecida na região, afinal, é ali onde está uma das entradas do famoso e tradicional Tijuca Tênis Clube, assim como diversos outros estabelecimentos de importância regional. A rua começa na esquina com a Rua General Roca, bem em frente à Praça Saens Peña – um dos principais pólos comerciais e médicos da cidade do Rio de Janeiro -, terminando lá em cima, nos arredores da Rua José Higino e do Colégio Batista Shepard. Mais tijucana, impossível!

Eu comecei a minha caminhada pelo trecho oposto ao da Saens Peña, onde funciona o ponto final da linha de ônibus 409 (Jardim Botânico – Praça Saens Peña), a única linha a percorrer toda a rua Desembargador Isidro. Curiosidade: apesar de levar no letreiro “Saens Peña”, na realidade, a linha 409 mantém como seu ponto final uma outra praça, a Gabriel Soares, que localiza-se exatamente no fim da Desembargador Isidro. Algumas outras linhas de ônibus também chegam a percorrer um trecho da rua, entre as ruas General Roca e Abelardo Chacrinha Barbosa, embora a de maior relevância, na Desembargador Isidro, seja a linha 409.


Os fundos do Tijuca Tênis Clube 

Edifícios de luxo nos arredores da Praça Gabriel Soares

Prédios pomposos (alguns novos, outros mais antigos), árvores floridas, jardins e um razoável movimento de automóveis são os elementos principais desta parte da Rua Desembargador Isidro, a qual eu consideraria a área residencial. Este trecho é contemplado por uma sutil ladeira, onde a proximidade com a Floresta da Tijuca pode ser constatada através da sensação térmica, bem mais agradável do que aquela sentida nos adjacências da Praça Saens Peña, ou seja, na outra extremidade.

A convivência entre prédios antigos e novos resulta harmoniosa, devido ao fato de que todos eles mantêm impecáveis os seus jardins de entrada, o que chama muito a atenção. Eu, com meu espírito um tanto quanto "fiscalizador", estou sempre à procura de defeitos/incoerências/e afins, e, em meio a uma paisagem bastante acolhedora, encontrei a mureta do belo edifício do número 145 pichada. É um pecado o que esses nossos amigos vândalos fazem, ainda mais se tratando desse tipo de imóvel. Já em frente à esquina com a Rua Henry Ford, há um outro imóvel, de arquitetura bastante curiosa e apreciável sofrendo depredação, embora aí, neste caso, já não seja culpa dos pichadores, mas sim dos proprietários. Com paredes cinzentas já bem desgastadas, este edifício ganharia um brilho especial se fosse mantido de forma mais cuidadosa.


Posto de Saúde Heitor Beltrão

A rua já nas vizinhanças da Praça Saens Peña

Obra Social Padre Damião
Neste mesmo trecho, situa-se, em uma pequena e discreta entrada, a Obra Social Casa Padre Damião. Esta instituição religiosa e de assistência social é mantida, principalmente, pela Paróquia dos Sagrados Corações, famosa igreja da Rua Conde de Bonfim, próxima à Desembargar Isidro. Ali se desenvolvem atividades com pessoas da terceira idade cujo atendimento, quinzenal, beira uma média de 140 (cento e quarenta) idosos carentes. Recebem cestas básicas, consultas médicas, fornecimento de remédios, entre outros, além de ser promovidos com eles todos os tipos de orações, cânticos e palestras. A Obra Social Casa Padre Damião também oferece educação infantil, diariamente, a crianças carentes com idade entre 3 (três) a 5 (cinco) anos, filhos de empregadas domésticas, porteiros ou pertencentes a famílias de baixa renda que trabalhem ou residam no bairro da Tijuca etc.


No número 144, a Rua Desembargador Isidro mantém uma unidade do Posto Municipal de Saúde nomeado de Heitor Beltrão. A deteriorada fachada reflete o descaso sofrido pela maioria dos serviços municipais, principalmente no ramo da saúde. A situação é a mesma na fachada da sede da VII Região Administrativa (Tijuca), no número 41, mantida pela Prefeitura e que apresenta um aspecto bastante mal-cuidado. Inclusive, a partir da Rua Silva Guimarães em diante, a Desembargador Isidro começa a apresentar em seus imóveis certo ar decadente, resultado da má conservação e do comércio popular que invadiu a rua em função do esgotamento de espaços livres na Praça Saens Peña.

Panq's House, lanchonete tradicional
Entretanto, o que não faltam mesmo na Desembargador Isidro são padarias. São três ao longo de toda a via, separadas por uma distância razoável entre uma e outra, como forma de atender bem e igualitariamente os pontos em que exercem atração. Na esquina com a Rua Barão de Piraçununga, no térreo de um imóvel bastante degradado, funciona a pizzaria e creperia Panq’s House, autointitulada de “a melhor pizza da Tijuca”. O lugar, no entanto, com ares de lanchonete, é bastante famoso pelos moradores e já está no local há mais de vinte anos. Alguns outros restaurantes de pequeno porte, a maioria no estilo self-service, também são encontrados por lá, entre eles o Food&Beer (“o quilo mais saudável da Tijuca”) e o Brasakilo, nas proximidades da Rua General Roca. Ainda neste trecho, para lanches rápidos e nada naturebas, há uma pastelaria e a padaria Casa do Pão, com seu letreiro chamativo e vitrine apetitosa.


Entre uma vila e outra, a parte final da Rua Desembargador Isidro, sem dúvida, é caracterizado pelo comércio misto e abundante. Óticas, lojas de utilidades domésticas e tintas, salões de beleza, drogarias, laboratório clínico, uma filial da Casa Cruz e outra da Igreja do Evangelho Quadrangular, estacionamentos e o Empresarial Tijuca Center, no número 40, um edifício moderno e espelhado, que destoa totalmente da paisagem no entorno. Nesta “tendência”, na Rua Desembargador Isidro, existem dois terrenos onde estão sendo construídos novos edifícios, sendo um deles residencial e o outro de uso comercial.


Esquina com a Rua General Roca: poluição visual.

Quem foi?
De acordo com o livro “Tijuca – De rua em rua” (Editora Rio), da historiadora Lili Rose, Isidro Borges Monteiro - o Desembargador Isidro -, era proprietário de terras, capitalista e chefe de polícia da corte. Nascido em 1825, recebeu os títulos de Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo (1854) e da Imperial Ordem da Rosa (1874). Prestou serviços como presidente da comissão que fez o recenseamento dos moradores da Paróquia do Engelho Velho (região da Tijuca, nos dias de hoje), além de participar da direção de outros estabelecimentos, como o Banco Rural e Hipotecário do Rio de Janeiro e o Cassino Fluminense. Antes mesmo de morrer, em 1890, a rua já levava o seu nome, onde morava no imóvel de número 20.

Texto revisado em 09/04/2014