13.3.11

O último sábado de Carnaval na Cidade Nova

 Veja como foi o "último sábado" de Carnaval na movimentada Avenida Presidente Vargas, horas antes do desfile das campeãs.


 Início da Presidente Vargas interditado, com viadutos e pistas livres, e carro alegórico da Beija-Flor de Nilópolis.

Acesso para Botafogo
e Lapa fechado
Não foi planejado. Eu tava dentro de um ônibus ali pelo Centro quando percebi que ele teria o seu itinerário alterado devido ao desfile das escolas de samba campeãs de 2011. Último sábado - sábado de cinzas? - do feriado mais longo até agora, o Carnaval. Acredito que seja a primeira vez que eu esteja postando algo sobre o Carnaval, pois, sinceramente, não sinto-me lá atraído por isso. Até mesmo nessa última semana quando eu e meus amigos inventávamos de sair para algum bloco, não duravam cinco minutos e já estávamos à procura de algum bar longe da muvuca. Uma forma de comemorar "a sós" essa grande festa.

Carros enfileirados
Ia da Tijuca para Laranjeiras e, de dentro de um 422, me vi entrando a Francisco Bicalho ao invés da Presidente Vargas. Avistei de longe o prédio dos Correios e uma porção de carros alegóricos todos enfileirados, prontinhos para "entrar na avenida".  Me apeteceu vê-los de perto, tão coloridos, e resolvi descer do coletivo antes que ele chegasse na Leopoldina. Vale lembrar que eu estava sem pressa, sem compromissos. Momento ideal para dar uma de flâneur.

Primeira sensação: que emoção é andar bem no meio da Avenida Presidente Vargas! Sem carros, nem ônibus, nem nada como de costume. A avenida é dos pedestres! A vontade que me dominava era a de dar uma banana para os motoristas que, surpresos, encontravam a via fechada e tinham que retornar em função disso. Felicidade de criança, eu sei, ou de louco varrido. Por sorte eu portava a máquina no bolso, o que me fará compartilhar com você, querido leitor, algumas das coisas vistas por lá...

O chafariz Dança das Águas em um
sábado
pra lá de nublado!
Uma das coisas mais legais de se caminhar por um lugar normalmente tumultuado é a oportunidade de estar mais próximo do distante. Como assim, Bial? Já experimentou a sensação de andar a pé por cima de um viaduto e, dele, avistar uma paisagem incrível ou sob um ângulo diferente? E quanto a alguns monumentos mal localizados - não é tão bacana observá-los assim, de pertinho? Num dos canteiros centrais da Presidente Vargas está a estátua de Zumbi e, em frente ao edifício da Prefeitura, o extraordinário chafariz Dança das Águas.  Como a área não é lá muito para pedestres, é bem difícil de acontecer uma espécie de tête-à-tête com esses locais.  A galera aproveitou bem essa chance: garotos soltavam pipa no trecho interditado do viaduto que sai do Túnel Rebouças em direção ao Centro, enquanto famílias animadas se fotografavam em frente à Dança das Águas, que estava funcionando!

 Para algumas pessoas, observar os carros de perto é quase a mesma coisa que ter o seu cantor(a) favorito ao lado. Carnaval é mesmo uma paixão!

Um pouco mais dos carros. Acho que esses bonecos eram da Mangueira - se estiver errado, corrijam-me.

Antes de me dirigir aos carros alegóricos, aproveitei a oportunidade para conhecer a polêmica passarela do metrô, inaugurada em novembro do ano passado. Eu continuo achando ela um mostrengo por fora, mas, por dentro, ela é bem simpática e segura. Dali de cima pode-se tirar boas fotos da avenida embaixo. Não só eu mas como muitas outras pessoas também aproveitaram a brecha para fotografar o local, enfeitado com o ar meio nostálgico de final de Carnaval. Subíamos e descíamos sempre que notávamos algum ângulo mais interessante para se fotografar ou avistar. Tudo sem cerimônia.

 Na falta de banheiros químicos, há aqueles improvisados, dentro de casas quase esqueléticas. Bateu fome? O cachorro-quente (vulgo podrão!) está sempre ao alcance.

Separados do público por uma frágil fita amarela, era impressionante como aqueles carros alegóricos mexiam com a emoção das pessoas. Tinha de tudo por lá: pessoas entusiasmadas por vê-los de perto, outras emocionadas pela escola de samba do coração, crianças saltitantes, e até maridos um pouco cansados de tirar fotos de suas esposas na frente de cada carro. Aquele cheiro de cachorro-quente vindo das barraquinhas, o hálito da cerveja pairando no ar à medida que as pessoas conversavam, batucadas de leve em algum lugar... É, acabou o Carnaval. Agora sim que o ano começa. Feliz 2011! 

 Acabou-se o que era doce... de volta ao batente!

2 comentários:

Diogo disse...

Olá Pedro!

Tive exatamente a mesma impressão quando fui no bloco do Boitatá, na Praça XV. É bem interessante ver com calma e analisar os detalhes de uma região sem os carros em lugares que geralmente se passa com pressa e quase sempre dentro de um veículo. A Presidente Vargas é realmente um show de linda! Pena que esteja tão degradada, principalmente após a Central. Eu vi um projeto de revitalização no Globo, se não me engano, que me pareceu bem bacana.

É, acabou o Carnaval :(

Adorei o post sobre o Campo de Santana também. Sugiro escrever sobre a Praça Paris, simplesmente a área verde mais bonita de todo o Rio pra mim, e até bem conservada para os padrões cariocas. Abraço!

csa disse...

Parabéns pelo blog. Interessantíssimo, muito bem escrito e documentado. Também adoro andar pelas cidades a pé e descobrir detalhes das paisagens e das ruas, é prazeroso ler sobre isso também. Fiquei com vontade de (re)descobrir várias regiões da cidade.