25.8.09

Na Tijuca não tem praia, mas tem a Praça Xavier de Brito!

Google Maps
Localização cartográfica da Praça Comandante Xavier de Brito: a linha em verde indica o trecho fotografado


As fotos podem ser ampliadas. Basta um clique nelas e, desta forma, aparecerão em melhor resolução!


O título do post de hoje é curioso, mas faz sentido: a Praça Comandante Xavier de Brito, na Tijuca, é o ponto de encontro principal de muitos tijucanos que, em muitos domingões de sol, preferem curtir o dia na praça mais charmosa do bairro a ter que pegar o carro e ir às praias da Barra ou da Zona Sul. E o que essa praça tem de tão especial? Bom... Muitas coisas. O que eu posso antecipar é que ali é um dos poucos lugares da cidade do Rio de Janeiro onde ainda se preserva o costume antigo de alugar cavalos e charretes (à direita) para crianças e adultos nos fins de semana; tanto que é popularmente conhecida como a Praça dos Cavalinhos. Só isso, já é uma atração a parte, recheada de momentos alegres, principalmente se você estiver acompanhado de crianças. Os outros atrativos eu irei desvelando ao longo do texto...

Chegada à Praça Xavier de Brito, através da Avenida Maracanã


Só para não fugir do meu hábito de localizar sempre no mínimo detalhe cada lugarzinho que eu fotografo, vale ressaltar que a Praça Xavier de Brito está situada na região conhecida como Muda, no bairro da Tijuca (Zona Norte do Rio), no quarteirão das ruas Pinto Guedes, Oliveira da Silva, Doutor Otávio Kelly e na confluência da Avenida Maracanã. No mapa é possível obter uma visualização melhor de como a praça se dispõe e das vias no seu entorno.

Praça Xavier de Brito: atração infantil aos fins de semana



As atividades vão desde ao jogo de cartas, passando por futebol e, até mesmo, ginástica



A praça com visão para a Rua Doutor Otávio Kelly: as lixeiras da Comlurb contribuem para a boa limpeza do lugar


Antes de tudo, é importante dizer que a praça, obviamente, fica ali, paradinha, sem sair do lugar, normalzinha, diariamente. Todavia, é aos feriados e fins de semana que a Xavier de Brito “bomba” (à esquerda), digamos assim. Até por que o aluguel de cavalos e charretes, a característica principal desta área, só funciona em tais dias, então, o número de freqüentadores aumenta consideravelmente especialmente aos domingos, na parte da manhã, período exato de quando eu estive lá fotografando, neste último 23 de agosto. O número de crianças é nitidamente o mais alto. Os adultos e idosos também competem por um espaçozinho ali e acolá, embora a praça seja bem segregada: há o playground, com brinquedos em ótimo estado de conservação e resguardados em uma área reservada, que impede o acesso de mendigos durante a noite; os banquinhos de cimento, onde os vovôs jogam carteado, damas, xadrez, entre outros jogos; e diversos bancos espraiados ao longo dos diversos jardins que ornamentam este logradouro – espaço preferido dos papais e mamães, casais de namorados e das vovós, que ali se põem a descansar e tomar sol.

Playground Playground
Parquinho da praça: os brinquedos localizam-se em uma área reservada, que impede a entrada de mendigos durante a noite


Crianças e adultos divertem-se na Praça Xavier de Brito


Chafariz de bronze
Chafariz da Praça Xavier de Brito: sua origem é francesa.


Entre árvores e jardins – sempre os principais protagonistas do meio urbano –, muitos elementos não passam despercebidos como, por exemplo, o chafariz da praça e o Teatro de Guignol (à direita). O primeiro, construído bem no centro da Xavier de Brito, é todo feito de bronze e é originário da França. GuignolUma curiosidade é que ele fora construído para ser instalado em alguma praça da Europa, mas por algum motivo acabou vindo parar no Brasil e, desta forma, foi instalado ali no ano de 1960, servindo de fonte. Ele é diariamente ligado, embora, infelizmente, no momento do meu registro, ele estivesse desativado. Já bem perto do chafariz, outro ponto de interesse é o Teatro de Guignol, instalado na Praça Xavier de Brito como uma forma de resgate da história da cidade. O Teatro de Guignol é um marco do governo do prefeito Pereira Passos, no início do século XX, onde ele importou o estilo europeu não só para a arquitetura carioca, mas também para os costumes, a moda, o dia-a-dia e o Guignol representa muito bem este marco. Eles foram instalados, originalmente, em outros logradouros, como nas praças Saens Peña e Serzedelo Correia e no Jardim do Méier. Hoje em dia, pelo menos na Xavier de Brito, o teatro voltou graças ao patrocínio da iniciativa privada, e, em datas festivas, ocorrem grandes apresentações de fantoches ao público.

Jardim Jardim
Jardins da Xavier de Brito


1. Jardim | 2. Busto do Cmt. Xavier de Brito: o cadete que originou o nome à praça


Fazendo parte da diversão e do entretenimento da Praça Xavier de Brito, a parada final, para aqueles que estiveram brincando com os filhos a manhã inteira e/ou curtindo as delícias da praça – Rei do Bacalhau ou até mesmo a parada inicial, para aqueles que acabaram de chegar, seja de carro ou a pé ali, por volta da hora do almoço –, é puxar uma cadeira e saborear o chopp e o bolinho de bacalhau do restaurante O Rei do Bacalhau (foto à direita), bem de frente para o arvoredo. O estabelecimento é ponto tradicional para os almoços de domingo das famílias da Tijuca, seja nos petiscos ao lado de fora, seja nos pratos bem servidos da culinária lusitana no salão interior do restaurante.

Residencial

Com comércio praticamente inexistente – com exceção de lojinhas de pequeno porte e do restaurante O Rei do Bacalhau, citado no parágrafo anterior –, a Praça Xavier de Brito é basicamente uma área residencial e de muita tranqüilidade (confira nas fotos). O espaço é compartilhado por casas, edifícios novos e antigos, Residencial sendo todos eles muito charmosos e elegantes. Inclusive, é impossível não comentar sobre a beleza e a imponência do edifício situado no número 15 da Rua Oliveira da Silva (veja a foto abaixo, à esquerda). Sempre quando eu estou na Xavier de Brito, dedico parte do meu tempo ali a admirar este belo imóvel e não me canso. Edifício ImolaOs azulejos, as janelas, o jardim, a escadaria fazem do edifício Imola – seu nome – em um dos prédios mais bonitos que eu já tive a oportunidade de ver. É claro que gostos cada um tem o seu; um amigo meu, por exemplo, acha este prédio extremamente sem graça e dá mais valor às arquiteturas recentes, típicas destes grandes lançamentos imobiliários. Enfim... As fotos falam por si só e, independente das preferências, é inegável a beleza do prédio. Sinto-me remetido a uma época que eu nem sequer vivi, mas é como se fosse-me concedida uma chance de sentir o clima típico das décadas de 50 e 60. Sensação incrível de nostalgia!

Ed. Imola Ed. Imola
Mais do Edifício Imola, na Rua Oliveira da Silva: tenho ou não razão em dizer que ele é belo?


Imola Imola Imola
1. A escadaria do edifício, que dá acesso à portaria | 2. Entrada e saída de carros, estando à esquerda a entrada de serviço | 3. Calçada da Oliveira da Silva, com destaque para o jardim do Edifício Imola


Escola Municipal Soares Pereira

Bem próximo dali, na esquina da rua Pinto Guedes com a Avenida Maracanã, localiza-se outro imóvel de bastante importância na área: a Escola Municipal Soares Pereira (à esquerda). Tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Rio de Janeiro, ele foi construído no fim da década de 20 pela família Soares Pereira. Após a morte do patriarca, a esposa cedeu o imóvel à Prefeitura com o fim de abrigar uma escola com somente o Ensino Fundamental. A fachada do imóvel seria mais apreciável se não houvessem as pequenas pichações.


1. Passeio em cavalo, na praça | 2. Panorama do final da Avenida Maracanã, tendo à direita a Escola Municipal Soares Pereira | 3. Arvoredo na Xavier de Brito


Nos dias normais, a Praça Xavier de Brito fica bem mais sossegada; freqüentada apenas pelos moradores da área, cada qual no seu jogging, seja dia ou noite. Ou, então, freqüentada pelos vovôs e babás com crianças, em um ritmo bem menos frenético que o do fim de semana. Além disso, a visão que se tem dali para o Maciço da Tijuca, conforta até mesmo os mais revoltados com o processo de favelização – o panorama é limpo, bem verdinho, visual muito agradável e hipnotizante. É claro que as favelas existem e elas estão em grandes quantidades, principalmente nesta região da Tijuca; entretanto, este ângulo não nos permite avistar nenhuma delas e a sensação de nostalgia retorna e faz-me imaginar novamente: e o passado, como foi? Era possível o Rio de Janeiro ser uma cidade civilizada e maravilhosa, como o seu título ainda insiste em dizer? Tais respostas e sensações, eu, com os meus vinte e pouquíssimos anos, jamais saberei por mim próprio. Porém, se for para imaginar, eu continuarei imaginando. E idealizo. Um pouco de fantasia não faz mal a ninguém!

Maciço da Tijuca
Maciço da Tijuca, ao fundo, com as torres do Sumaré: mata limpa e verde. Que continue assim!


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14 comentários:

Jaime Fernando de Souza disse...

Oi Pedro, essa matéria da Praça Xavier de Brito, e ruas adjacentes, esta muito boa e bem fundamentada.
Guardo grandes recordações, onde levava minha filha para andar a cavalo, sem falar do Rei do Bacalhau!
Abraços, parabéns.
Jaime Fernando

Áurea Andrade disse...

Pedro, entrei no seu blog e todas as materias que li, são bastante interessantes e informativas. Estou através dele, conhecendo melhor a nossa cidade maravilhosa.

Parabéns!!!

Áurea Andrade

Cris Chagas disse...

Pedro, essas praças, assim na foto, parecem mais bem cuidados que as de Lisboa. Fico feliz. Mesmo Lisboa não sendo uam boa referência...

Olha, já falei que adorei a marca dagua q vc pôs nas fotos ;)

bjs

Vastia disse...

Parabens.
A informação está bem completa, focalizando os diversos aspectos da pracinha.

Pedro Paulo Bastos disse...

É, Cris, eu ponho marca d'água porque, além de eu adorar o logotipo que eu criei pro blog (heheh), desta forma as fotos ficam melhor protegidas contra uso indevido e/ou roubo. Aliás, podem até roubar, desde que mantenham a marca d'água... assim já é uma referência sobre a origem das fotografias.
Mas essa marca d'água eu só faço graças ao Photoshop! Não vivo mais sem ele, hahah...

E aos outros que comentaram por aqui até agora, obrigado pela força! Visitem sempre!

Anônimo disse...

Não consigo identificar se esse prédio é mesmo modernista, mas tem todas as características dos prédios das décadas de 50 e 60: azulejos, brises deslizantes, panos de vidro... E o melhor: não tem grades, nem portões. Seria ótimo viver sempre assim.

Nelma disse...

Pedro, adorei a matéria sobre a Praça Xavier de Brito.
Me lembrei de você ainda com 2 aninhos brincando naquele play e passeando na charrete de bodinho.
Parabéns pelo seu trabalho. Gosto muito da sua forma de escrever, faz com que não dessistamos do RJ. Ele continuará maravilhoso se as pessoas que moram nele tiverem esse olhar para cuidar e defendê-lo. bechos

Unknown disse...

Esse post só saiu tão bom assim e por causa do orgulho tijucano hein! ;P
hahahaha

Mas esse pracinha é um charme mesmo. Muito agradavel, infelizmente, como poucas na cidade.
beijao!
Ahh...e se ainda te interessar fazer aquele passeio noturno q tinha te falado do Prof. João, ele foi adiado de terça (que era dia de semana) pra hoje (sexta), 8hrs na casa frança-brasil. Se vc quiser mesmo ir,da uma ligada, sinal d fumaça ou sei la.

Leo disse...

Cara, por que vc não cria uma conta no www.skyscrapercity.com?
Seria muito legal se vc postasse todas essas fotos lá no fórum, que é sobre arquitetura e urbanismo.
Eu mesmo já coloquei várias fotos da tijuca e inclusive desse praça lá. A gente discute sobre os bairros, problemas e etc..
Tente colocar as suas fotos lá também, muita gente costuma comentar.
Abraço!

Anônimo disse...

Oi Pedro!Vi no msn a atulização do blog e vim visitar!rs
Parabéns!Os textos e as idéias estão ótimos!
Adorei a praça..com certeza um bom passeio para um domingo tanto para crianças e adultos!
beijos,
Camila

Beatriz Fontes disse...

Oi Pedro, eu também adoro a Xavier de Brito. Faz parte da minha vida e espero que assim continue, sempre. Entretanto, discordo quanto ao fato de que ali só existe o Rei do Bacalhau como opção gastronômica. Sem dúvida, um de meus bares preferidos (com um chopp honesto, bons petiscos e até almoço) fica ali na esquina com a Dr. Otávio Kelly, ao lado do pet shop. Trata-se do Bar do Pavão, que vem se firmando como um point na região. O Rei do Bacalhau é muito caro e metido à besta... Pode até ser bom, mas não chega aos pés do Pavão, que é comandado por um casal extremamente simpático. Se você não conhece, confira. Creio que não irá se arrepender...

Ivo Korytowski disse...

Uma praça bem simpática. O chafariz é encantador.

Celma Capeche disse...

A Praça realmente é um lugar muito bonito, mas infelizmente nos finais de semana recebe um número insuportáveis de calavos e cabras deixando o lugar com um odor insuportável principalmene no verão.

Unknown disse...

Pedro, voce esta se superando.
Adorei a materia de Copacabana, fotos e texto muito bons.
Aliás, começo a pensar em uma mudança de bairro.