Sinto-me desapontado com o BRS de Copacabana, inaugurado no último sábado, dia 19 de fevereiro. Previsto para funcionar 24 horas por dia, análises de campo apontaram "falhas" no sistema, o que vem acarretando em novas mudanças a cada dia que passa sobre o primeiro sistema rápido de ônibus do Rio de Janeiro.
Desde o fim de semana já pipocavam na mídia algumas opiniões de moradores e usuários das linhas de ônibus que circulam pela nova região. Como de praxe, a grande maioria das pessoas já se mostrava pessimista com a implementação do BRS sem nem menos ter esperado para ver como seria o funcionamento no seu primeiro dia útil. E não tiro-lhes a razão: foram tantos projetos e obras públicas mal planejadas e concluídas que é mais do que normal ter um pé atrás com uma intervenção tão grandiosa como é o BRS. Sem falar que tudo isso é uma grande novidade por aqui. Desculpados.
As regras do BRS são claras: a faixa da direita é exclusiva para linhas de ônibus enquanto a da esquerda destina-se a automóveis particulares, táxis, entre outros veículos. Para dobrar em alguma rua à direita, é permitido o uso da faixa exclusiva por apenas um trecho - o suficiente para que a manobra possa ser realizada. Acabou, ponto.
Na segunda-feira, dia 21, a prova de fogo. Dia útil, volta às aulas. Diversos jornalistas reportaram o sucesso do BRS fazendo a comparação entre o tempo percorrido em um ônibus desde o Posto 6, onde inicia a Nossa Senhora de Copacabana, até à Avenida Princesa Isabel, onde termina. De acordo com o jornal O Globo (Editorial Rio, 22/02/11), na segunda-feira da semana passada, o tempo de percurso foi de 22 minutos e 53 segundos, enquanto no dia 21, primeiro dia útil do BRS, o tempo caiu para 16 minutos e 15 segundos, às 11h da manhã. Cronometrado ou não, é óbvio que cruzar Copacabana de ônibus ficou mais rápido e não há nada de mal nisso: o transporte público deve ser prioridade.
Na faixa da esquerda, aconteceu o que já se esperava, que seriam as retenções em vários trechos da avenida por automóveis particulares. E aí começa aquela onda de reclamação: taxistas protestam por não poderem pegar nem andar com passageiros na faixa da direita; motoristas acham um absurdo o que fizeram com a via e afirmam que leva mais tempo para percorrer três quarteirões do que antes; passageiros reclamam porque agora precisam andar mais para pegar o seu coletivo, que já não para mais em todos os pontos; idosos criticam pois agora terão que descer do táxi no lado esquerdo e atravessar a rua para ir para o lado direito, o que pode ser muito perigoso. E muitos etceteras mais.
Não quero desvalorizar as necessidades e limitações físicas/intelectuais das pessoas, mas preciso dizer que às vezes me choca como elas são egoístas e resistentes às (boas) mudanças. A implementação do BRS é um marco na história do sistema de transporte público da cidade. Tendo sido eficiente até agora ou não, representa uma atitude corajosa das autoridades em procurar soluções para o caótico trânsito de Copacabana. Será que ninguém enxerga isso? Por que ao invés de fazer críticas negativas as pessoas não colaboram com a proposta, que pode e deve ser estendida ao resto da cidade?
Desde o fim de semana já pipocavam na mídia algumas opiniões de moradores e usuários das linhas de ônibus que circulam pela nova região. Como de praxe, a grande maioria das pessoas já se mostrava pessimista com a implementação do BRS sem nem menos ter esperado para ver como seria o funcionamento no seu primeiro dia útil. E não tiro-lhes a razão: foram tantos projetos e obras públicas mal planejadas e concluídas que é mais do que normal ter um pé atrás com uma intervenção tão grandiosa como é o BRS. Sem falar que tudo isso é uma grande novidade por aqui. Desculpados.
As regras do BRS são claras: a faixa da direita é exclusiva para linhas de ônibus enquanto a da esquerda destina-se a automóveis particulares, táxis, entre outros veículos. Para dobrar em alguma rua à direita, é permitido o uso da faixa exclusiva por apenas um trecho - o suficiente para que a manobra possa ser realizada. Acabou, ponto.
Na segunda-feira, dia 21, a prova de fogo. Dia útil, volta às aulas. Diversos jornalistas reportaram o sucesso do BRS fazendo a comparação entre o tempo percorrido em um ônibus desde o Posto 6, onde inicia a Nossa Senhora de Copacabana, até à Avenida Princesa Isabel, onde termina. De acordo com o jornal O Globo (Editorial Rio, 22/02/11), na segunda-feira da semana passada, o tempo de percurso foi de 22 minutos e 53 segundos, enquanto no dia 21, primeiro dia útil do BRS, o tempo caiu para 16 minutos e 15 segundos, às 11h da manhã. Cronometrado ou não, é óbvio que cruzar Copacabana de ônibus ficou mais rápido e não há nada de mal nisso: o transporte público deve ser prioridade.
Na faixa da esquerda, aconteceu o que já se esperava, que seriam as retenções em vários trechos da avenida por automóveis particulares. E aí começa aquela onda de reclamação: taxistas protestam por não poderem pegar nem andar com passageiros na faixa da direita; motoristas acham um absurdo o que fizeram com a via e afirmam que leva mais tempo para percorrer três quarteirões do que antes; passageiros reclamam porque agora precisam andar mais para pegar o seu coletivo, que já não para mais em todos os pontos; idosos criticam pois agora terão que descer do táxi no lado esquerdo e atravessar a rua para ir para o lado direito, o que pode ser muito perigoso. E muitos etceteras mais.
Não quero desvalorizar as necessidades e limitações físicas/intelectuais das pessoas, mas preciso dizer que às vezes me choca como elas são egoístas e resistentes às (boas) mudanças. A implementação do BRS é um marco na história do sistema de transporte público da cidade. Tendo sido eficiente até agora ou não, representa uma atitude corajosa das autoridades em procurar soluções para o caótico trânsito de Copacabana. Será que ninguém enxerga isso? Por que ao invés de fazer críticas negativas as pessoas não colaboram com a proposta, que pode e deve ser estendida ao resto da cidade?
Foto: Último Segundo. |
Uma das questões mais reclamadas foi sobre a distância dos pontos de ônibus, pois eles foram reduzidos ao longo da Avenida Copacabana. Não sei exatamente, mas talvez seja preciso andar até 3 quarteirões para pegar um determinado ônibus. Por que não encarar agora o BRS como uma linha de metrô? Sim, o metrô não para em qualquer lugar. Se você estiver entre as estações Siqueira Campos e Cantagalo, será preciso se dirigir para uma das duas, certo? Porque o metrô não vai parar no meio do caminho... É a mesma coisa: os ônibus agora param em "estações" definidas. Isso dá maior fluidez ao trânsito. Ao invés de parar para pegar uma única pessoa, agora embarcará o triplo em uma próxima parada. Muito mais eficiente.
Diante de algumas correções bem-vindas, como a ativação de um novo ponto de ônibus no Posto 6 e a permissão de tráfego à direita para táxis com passageiros - em São Paulo é assim! -, a Secretaria de Transportes está flexibilizando cada vez mais as regras do BRS. Vale lembrar que a seletiva agora já não funciona mais por 24 horas, e sim por 15 horas, e em horários especiais nos fins de semana. É preciso que decisões como essas resultem menos do (chato) pressionamento da minoria incomodada e mais, propriamente, de um problema real. Puras modificações baseadas no capricho de não se perder o conforto de alguns daria um tom amador ao projeto, que não é nem um pouco superficial.
Uma vez mais repito que toda melhoria surge através de uma mudança, que também deve partir de nós, cidadãos. Em nenhum momento colaboramos com os "problemas" para que eles melhorem, tampouco pensamos em mudar nossos atos para que haja uma sinergia. O que falta para o BRS dar certo é justamente a mudança de comportamento das pessoas. É respeitar o coletivo, as regras, abrir mão de confortos pequenos em troca dos grandes, participar mais positivamente da cidade. Esse primeiro BRS pode ter sim alguma ou outra falha lá no fundo, mas não cabe à nós apedrejá-lo, e sim ajudá-lo a progredir. Ele faz parte de toda cidade moderna e vai se expandir em breve para outras regiões do Rio como forma de melhorar o nosso já sofrível trânsito. Sejamos mais respeitosos e pacientes com o BRS. A gente pode, sim, se adequar às mudanças - basta sermos menos individualistas.
Diante de algumas correções bem-vindas, como a ativação de um novo ponto de ônibus no Posto 6 e a permissão de tráfego à direita para táxis com passageiros - em São Paulo é assim! -, a Secretaria de Transportes está flexibilizando cada vez mais as regras do BRS. Vale lembrar que a seletiva agora já não funciona mais por 24 horas, e sim por 15 horas, e em horários especiais nos fins de semana. É preciso que decisões como essas resultem menos do (chato) pressionamento da minoria incomodada e mais, propriamente, de um problema real. Puras modificações baseadas no capricho de não se perder o conforto de alguns daria um tom amador ao projeto, que não é nem um pouco superficial.
Uma vez mais repito que toda melhoria surge através de uma mudança, que também deve partir de nós, cidadãos. Em nenhum momento colaboramos com os "problemas" para que eles melhorem, tampouco pensamos em mudar nossos atos para que haja uma sinergia. O que falta para o BRS dar certo é justamente a mudança de comportamento das pessoas. É respeitar o coletivo, as regras, abrir mão de confortos pequenos em troca dos grandes, participar mais positivamente da cidade. Esse primeiro BRS pode ter sim alguma ou outra falha lá no fundo, mas não cabe à nós apedrejá-lo, e sim ajudá-lo a progredir. Ele faz parte de toda cidade moderna e vai se expandir em breve para outras regiões do Rio como forma de melhorar o nosso já sofrível trânsito. Sejamos mais respeitosos e pacientes com o BRS. A gente pode, sim, se adequar às mudanças - basta sermos menos individualistas.
6 comentários:
Caro, Pedro Paulo
sobre "Para dobrar em alguma rua à direita, é permitido o uso da faixa exclusiva por apenas um trecho - o suficiente para que a manobra possa ser realizada. Acabou, ponto."
V. já tentou fazer esta 'manobra' no horário de pico - com dezenas de onibus fazendo um paredão ?....;
Sobre : 'Cronometrado ou não, é óbvio que cruzar Copacabana de ônibus ficou mais rápido e não há nada de mal nisso: o transporte público deve ser prioridade'.
- Sem dúvidas, devemos priorizar o transporte público para locomoção em nossa cidade, porém, como um jovem inteligente, v. não deve esquecer que devemos priorizar, antes de qualquer outra coisa, o ser humano.
como v. sabe, a população de copacabana gira em torno de 150 mil pessoas, em sua grande maioria idosos.
como v. sabe estes idosos, moradores deste bairro cantado em versos e prosas, estão perplexos com estas mudanças na via, por conta do sistema BRS - é notório nas páginas de jornais -
Portanto, não esqueça : quanto mais rápido os onibus se movimentarem nesta via, maior será a probabilidade de acidentes...as marcas de freadas bruscas de onibus ( muitas nestes primeiros dias de implantação do sistema )já estão lá na nova sinalização. verifique pessoalmente - eis um link seguro com foto de uma freada brusca < http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ruacopacabana.jpg >
ps.: discutir ideias e ideais é o que nos torna livres.
Boas postagens!
Caríssimo, Pedro Paulo
sobre: 'A implementação do BRS é um marco na história do sistema de transporte público da cidade. Tendo sido eficiente até agora ou não, representa uma atitude corajosa das autoridades em procurar soluções para o caótico trânsito de Copacabana. Será que ninguém enxerga isso? Por que ao invés de fazer críticas negativas as pessoas não colaboram com a proposta, que pode e deve ser estendida ao resto da cidade?
***___***___***
sobre estes parágrafos em sua postagem há muito o que se dizer, porém palavras o tempo leva...- ações não.
V. é jovem e ainda haverá muito o que aprender sobre trânsito, e o direito de ir e vir do cidadão nas vias urbanas. Observar, questionar, exigir e fiscalizar as ações da engenharia de trânsito é nosso dever antes de um direito. Portanto, jovem, foi por v. e outros de sua faixa etária ( como meu filho )que questiono a segurança do cidadão nas ações ( ou falta de ) da engenharia de trânsito em meu blog - eis algo para v. pensar :
Em seu capítulo 1° ; art. 1º - § 3º , O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO -CTB - determina que:
"Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro "
***
mais :
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB capítulo V - do cidadão - Art. 72 - "Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e implantação de equipamentos de segurança, bem como sugerir alterações em normas, legislação e outros assuntos pertinentes a este Código".
em tempo: eu gosto das suas postagens - voce pensa ! - e, isto é raro.
Namastë!!!
Ronaldo,
agradeço a sua participação. Sei que o tema é polêmico e gera controvérsias, fazendo com que possamos trocar mais ideias e pontos de vista.
Eu continuo mantendo a minha posição a favor do BRS, que poderia, sim, ter recebido o nome em português!
Reconheço a questão de que Copacabana é um bairro de idosos e que o BRS está deixando-os muito confusos com as mudanças, principalmente em relação à redução dos pontos de parada.
Não me mal interprete, mas, a Avenida Copacabana não é só um logradouro do bairro Copacabana que tem muitos idosos - ela é, acima de tudo, uma via importante para a cidade, fundamental para o trânsito da Zona Sul. Na minha opinião, pensar no "humano" é pensar no trânsito também, pois a partir do momento que ele é reordenado facilita-se ainda mais a mobilidade humana no espaço urbano. Questões de segurança em relação aos idosos podem ser resolvidas através de outras medidas, de outras políticas públicas, sem que tenhamos que abolir de um sistema de ônibus que funciona em muitas cidades do mundo e que dá certo, tendo também muitos idosos nesses lugares.
O ponto fraco do BRS é justamente dele não contar com órgãos competentes, que fiscalizem rigidamente a atuação dos veículos na avenida e, principalmente, que não esteja disponível às necessidades primordiais daqueles mais necessitados, como idosos, deficientes físicos, etc. Esse é o X da questão. A população, em especial a idosa, está temerosa em aceitar o BRS por não se sentir devidamente protegida nas suas maiores carências.
Anda-se mais para pegar um ônibus? Depende. Se a população idosa de Copacabana só circula dentro do próprio bairro, ela pode pegar qualquer ônibus em qualquer ponto, pois pelo menos 99% deles cruzam toda a Avenida Copacabana.
Quanto às outras pessoas, eu vejo que tem muita gente insatisfeita com tudo. Com ou sem BRS, eles continuarão reclamando e são esse tipo de gente que não faz o Rio decolar. É preciso mudança de atitudes e um pouco mais de otimismo para acreditarmos que as coisas podem dar certo, como o BRS. Ele só vai funcionar se nós colaborarmos - esse é o meu pensamento.
Mais uma vez, reitero que falta trabalho, divulgação e um maior esclarecimento para que todos compreendam a importância do BRS.
Em São Paulo, por exemplo, ele funciona em avenidas como a Ibirapuera e Santo Amaro, e os ônibus circulam pela faixa da esquerda, com embarque e desembarque pelo canteiro central da avenida.
Aqui no Rio, infelizmente, não contamos com muitas avenidas desse porte. Na maioria elas se assemelham a ruas normais e residenciais, com muitas transversais, o que complica a fluidez do trânsito e especialmente a manobra à direita.
Temos que aceitar as condições geográficas-históricas da cidade para que inconveniências como estas sejam aceitas como parte do sistema. Não será possível duplicar a Av. Copacabana tampouco instalar um canteiro central por motivos óbvios: estamos entre o mar e a montanha, sem mencionar que trata-se de um bairro caro, com prédios caros. Não é tão fácil assim de desapropiar como estão fazendo na Zona Oeste para a Transcarioca. E nem acho que deveriam "desapropiar" em Copacabana, se pudessem. A minha ideia de desenvolvimento está no transporte subterrâneo, não nos ônibus e nos automóveis. Só acho que não podemos aboli-los da cidade neste momento em que vivemos. Ainda falta muito para crescer, no sentido de tecnologia, fiscalização e estrutura.
É preciso aceitar algumas questões, mudar nossas atitudes, pensar mais no coletivo, ajudar mais aos idosos e às pessoas necessitadas. Essa visão do "nós" pode contribuir para a melhoria.
Um abraço! E obrigado pelo elogio! ;)
É isso aí !
Continue 'pensando'- obrigado por sua atenção em meu comentário, e, principalmente por sua reiteração em defesa da importância do BRS (*1).
Acredito, sim , que as falhas, ainda existentes nesta via de 'copa', neste 'BRS-teste' da prefeitura do rio ( leia-se 'smtr' e 'cet rio'), sejam sanadas, para que o 'cidadão' tenha mais conforto e segurança ao 'transitar', específicamente, nesta via urbana - uma mistura de 'via local/coletora'(*2).
-*-
(*2)em 'vias locais e coletoras' a velocidade varia entre 40 km/h e 60 km/h.
(*1) BRS com 'sucesso' foram implantados em vias 'arteriais' ou 'expressas' - onde a velocidade varia entre 60 km/h e 80 km/h.
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