31.1.11

Uma avenida dos sonhos

"Uma avenida dos sonhos
A imagem acima exibe uma Avenida Presidente Vargas na altura da Central do Brasil bem diferente do que vemos atualmente. Nesse exercício futurístico, a via teve a calçada ampliada com um pedaço de grama e ganhou uma ciclovia, uma linha expressa de ônibus não poluentes sobre trilhos e um bulevar coberto para a travessia dos pedestres. Concebido pelos escritórios cariocas Campo e Fábrica Arquitetura, o projeto faz parte da exposição As Cidades Somos Nós — Desenhando a Mobilidade do Futuro, a partir de quarta (2), no Centro Cultural Correios. A mostra tem organização da ONG americana Institute for Transportation and Development Policy e será realizada simultaneamente no Rio e na Cidade do México. Há trabalhos de dez países, focados em soluções sustentáveis para metrópoles — entre elas, Nova York e Buenos Aires —, com prioridade ao pedestre e ao transporte público."
por Rachel Stermann, Revista Veja Rio (02/02/11).

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As Cidades Somos Nós — Desenhando a Mobilidade do Futuro
Onde: Centro Cultural Correios, a partir de 02.02.11 
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí 20 | Centro | CEP 20010-976
Horário: O Centro Cultural Correios recebe visitantes de terça-feira a domingo, das 12 às 19h. Entrada franca.
Telefone: 0xx21 2253 1580
Site: www.correios.com.br

25.1.11

Araguaia

Especial sobre a rua que mais parece um canteiro de obras, na Zona Oeste da cidade.

Mapa enfocando a Rua Araguaia
Araguaia? Não, eu não me refiro à novela das seis, mas sim à Rua Araguaia, em Jacarepaguá. Já havia algum tempo que eu queria publicar postagens sobre a Zona Oeste pois acabo me baseando nas áreas mais centrais por questões de locomoção e distância para mim. A última vez que publiquei algo sobre Jacarepaguá foi em agosto de 2009, mais especificamente a respeito da Praça Barão da Taquara (mais conhecida como Praça Seca), trazendo fotos do local e seu cotidiano. A Rua Araguaia fica no bairro da Freguesia, uma área bem diferente da Praça Seca como vocês verão adiante pelas fotos. Ela começa na Estrada do Pau-Ferro, que é a via de entrada e saída da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, estendendo-se até à Avenida Geremário Dantas, uma das principais na região de Jacarepaguá. 

Início da Rua Araguaia com a Estrada do Guanumbi: construtora inova seu stand de vendas com luxo e requinte para um futuro lançamento imobiliário no local. 

Rua Araguaia
Meu pai está sempre de passagem por esta região e volta e meia me fala como a Freguesia é um bairro em transformação. É quase um bota-abaixo para reerguer modernos edifícios nos moldes dos da Barra da Tijuca. Esse foi o jeito que as grandes construtoras e imobiliárias visualizaram de oferecer moradias almejadas e modernas às famílias de classe média que não se encaixam no padrão econômico dos apartamentos da Barra mas que também não combinam com o perfil do subúrbio carioca. A paisagem da Freguesia está sendo modificada aos poucos, sendo convertida em uma ilha de grandes condomínios luxuosos. E a Rua Araguaia representa bem esse boom imobiliário por ali.

 
As casas originais da Rua Araguaia aos poucos vão cedendo lugar aos novos lançamentos imobiliários. Como se pode perceber na foto à direita, caminhões carregando materiais de construção não são raros pela rua.


No próprio início da rua, junto das estradas do Pau-Ferro e do Guanumbi, já se pode ter uma noção do glamour pretendido pela construtora Santa Cecília para o seu futuro lançamento no logradouro. Foi construído quase um clube-parque, com muitas palmeiras, lagos artificiais com fontes, muito bem ajardinado e uma bela casa onde ficam os corretores. Realmente foi impactante, eu não esperava ver um stand de vendas tão bem equipado e bonito, ainda mais com o jogo de montanhas ao fundo. Algumas partes da rocha eram desarborizadas, deixando bem nítida a imagem de “pedra molhada”. Lindo! 

As casas mais marcantes seguem um estilo com frentes largas e de, pelo menos, dois pavimentos - sempre com um ajardinado na frente. À direita, a Rua Santa Perpétua, fechada por um portão. 


Terreno baldio coberto por tapumes: em
breve, um novo lançamento imobiliário
Adentrei a Rua Araguaia nesse primeiro trecho e a impressão que eu tive era de que a rua, na verdade, mais parece um canteiro de obras. É um vai-e-vem de pedreiros e ajudantes sem fim. Percebi, também, que um lado da calçada era toda tomada por novos prédios enquanto, do outro, ainda eram preservados os antigos imóveis da rua, muitos deles casas grande e altas, de frente larga. As, de fato, mais antigas, se assemelham àquelas casas confortáveis do subúrbio, com varandas e a imagem de um santo no topo da fachada. Algumas poucas outras seguem um modelo mais moderno e, mesmo assim, não se pode ver muito bem pela altura dos seus muros.


Alguns dos prédios
Ipê amarelo
A Araguaia, no seu início, se assemelha mais a um subúrbio dos Estados Unidos e cheira a mato e terra molhada. Talvez seja pela proximidade com a serra e as montanhas. As calçadas são todas tomadas por jardins e canteiros, do início ao fim. Parece ser uma coisa muito bem preservada pelos moradores, como se fizessem questão da presença destes jardins por ali, assim como acontece no Grajaú (relembre o post de 11/12/10). A rua é muito bem arborizada e me agradou demais ver flores nesta época do ano. Tinha um ipê amarelo danado de bonito – e florescido – mais ou menos em frente ao número 1459 da Araguaia.

A Mac Gregor é uma simpática pracinha no cruzamento da Araguaia com ruas Joaquim Pinheiro e Geminiano de Góis. A sua conservação deixa um pouco a desejar, mas, em conjunto com os jardins dos prédios ao redor, forma uma bonita paisagem.

Calçada bem preservada e arborizada traz
bem estar a um simples passeio matutino
Por mais que eu prefira os prédios mais antigos e clássicos, principalmente os art déco, reconheço que essa nova onda de apartamentos com varandas espelhadas tem o seu devido valor. No Rio de Janeiro, o antigo é, como um todo, muito mal preservado e decadente. As calçadas, de responsabilidade dos proprietários, são piores ainda. Esse novo estilo de morar, em condomínios ou prédios como os da Rua Araguaia, revolucionam a paisagem de uma rua ou um bairro por serem construções de impacto e limpeza. No pacote, transformam o pedaço da calçada em um ambiente agradável de se caminhar, com iluminação especial e automática, sem falar nos meus tão amados jardins. Logo, vejo que a beleza e a valorização destes novos imóveis não está precisamente na sua arquitetura, mas sim no que eles proporcionam ao meio urbano. Talvez se o antigo fosse mais valorizado, como é na Europa, este padrão de prédio com varanda seria bem mais polêmico entre arquitetos e urbanistas. O que é inegável é a rentabilidade que as construtoras adquirem, pois é este o padrão de moradia que chama a atenção das classes médias por representarem um sinônimo de status. E não deixa de ser, afinal, quem não quer uma piscininha e uma academia no seu próprio edifício? Eu queria! 

 Algo do comércio da Rua Araguaia. Alguns estabelecimentos mantém um clima interiorano, como uma casa que vende comida caseira, quase na esquina com a Rua Xingu.

 Um pouco mais do panorama da Rua Araguaia, entre as ruas Comandante Rubens Silva e Xingu.

Agora um ponto importante e negativo observado na Rua Araguaia: ela é mal sinalizada. De todas as formas. Quase não há placas-pirulito, aquelas que indicam o nome das ruas. Só na Praça Mac Gregor, quando a Araguaia se encontra com a Rua Geminiano de Góis, é que aparecem algumas das placas. Nem aquelas coladas na parede eu cheguei a encontrar. Os cruzamentos com a Estrada do Bananal e as ruas Xingu, Comandante Rubens Silva e Firmino do Amaral são carentes de sinalização. Até mesmo o trânsito é confuso pelo fato da rua ser mão dupla. Não chega a ser um tráfego pesado. Muito pelo contrário. Ali é tão calmo que, sem perceber, eu me via andando fora da calçada e quando menos esperava surgiam dois carros em sentidos opostos.

 Duas esquinas, dois botecos: na primeira foto, o famoso Manoel & Joaquim, na esquina com a Firmino do Amaral. Na segunda, um boteco pé sujão na esquina com a Rua Xingu em direção à Firmino do Amaral: seria um morro lá pra cima?

Praça Tedim Cerqueira e
a Avenida Geremário Dantas
Da Praça Mac Gregor em diante, a Rua Araguaia conserva mais da sua paisagem original. Aquele bando de prédios em construção fica mais na primeira quadra, embora isso não queira dizer que não existam terrenos baldios preparados para novas construções entre as ruas Xingu e Rubens Silva. Parte dessa paisagem original, estão alguns estabelecimentos comerciais mais populares, um mercado de bairro e a filial do botequim Manoel & Juaquim, na esquina com a Rua Firmino do Amaral. Quase na Geremário Dantas, estão os colégios Primus e Garriga. Já na própria Geremário, o final da Rua Araguaia, está a praça Tedim Cerqueira. Tive uma ótima impressão de uma região que não sou bom conhecedor e saí de lá com a sensação de que Jacarepaguá promete. Mais ainda se levarem o metrô até lá, através de uma linha decente, é claro. Gostei bastante! :-)

Manoel & Juaquim
Endereço: Rua Araguaia 235 | Freguesia | Jacarepaguá
Horário: De segunda a sábado, das 17h até o penúltimo freguês.
Telefone: 0xx21 3414 1858
Site: http://www.manoelejuaquim.com.br

19.1.11

Panoramas Rápidos (14) | Rua Conde de Bonfim

A Rua Conde de Bonfim é uma das vias mais movimentadas do bairro da Tijuca, na Zona Norte. Como essa foto foi tirada em um domingo (nublado) de manhã, o vai-e-vem dos carros estava bem abaixo do normal. Nota do editor: a foto original estava um pouco escura e não muito legal, então dei uma zapeada amadora no Photoshop e acabei curtindo o resultado acima :-).

13.1.11

Sábado de sol, Rio Art Déco e Lavradio

Acordei numa daquelas manhãs divinas onde o meu quarto está repletamente gelado mas, pela janela, a sensação térmica parece ser outra. Abri bem a persiana e não vi nem sinal de nuvens sobre o Maciço da Tijuca. O ar condicionado tinha sido desligado há pouco tempo, continuava de meia e sabia que lá fora o negócio devia estar pegando fogo. Pra falar a verdade, eu não curto calor. Sinceramente? Não suporto o verão. Praia menos ainda. Mas bem que nesse dia cairia bem algum mergulhinho.

O prospecto da exposição sobre
a minha mesa
Cansado de passar os sábados dentro de casa por falta de coragem em sair à rua, fiz a programação sabatina na sexta-feira, dia 7. Já tinha decidido que iria visitar a exposição Rio Art Déco, que está sendo realizada no Caixa Cultural, no Centro. É um tema que me interessa e, inclusive, venho lendo mais sobre e tentado observar mais cuidadosamente esse estilo arquitetônico pelas ruas do Rio. A essa altura já era mais de meio-dia. Fernanda, uma amiga, ia para a praia e depois ficou combinado de que almoçaríamos juntos, já que há algum tempo não nos víamos.

Fernanda definitivamente gosta mais de praia do que eu e achei que o dia estava especialíssimo para ela curtir uma tarde nas areias de Ipanema. Ledo engano. Recebo uma ligação sua quando estava na cozinha, tomando os últimos goles de água antes de cair na rua.

"Desisti, está muito quente, não vai ter espaço pra ficar na areia...", avisou-me.

Convidei-a então para que me acompanhasse ao Centro. Iríamos à exposição e depois poderíamos subir Santa Teresa de bondinho, almoçar por lá ou, não sei... qualquer outro programa pelas redondezas. Ambos estávamos cientes de que um passeio pelo Centro, num sábado de 40 ou mais graus, seria quase uma cilada. Mesmo assim fomos, ainda que meu eu-lírico quisesse se enfiar numa sala de cinema refrigerada.

Eu e a Catedral
Partimos da estação Carioca do metrô rumo à exposição sob o sol forte da Avenida Chile quase sem nenhum movimento. Minto. Havia um auê ali perto em função das últimas gravações da novela Passione. Alguns curiosos se misturavam com turistas que visitavam a Catedral. Meio desorientados, não encontrávamos o tal do centro cultural, onde funciona também o Teatro Nelson Rodrigues. Meio que num ziguezague, encontramos a entrada e subimos (de escada... tortura!) até o 3º andar do prédio, onde estava exposto as maravilhas do Art Déco no Rio.


Exposição pequena, mas recomendo a visita para aqueles que se interessam. Ela é basicamente constituída de fotografias, de autoria de Lena Trindade. Fotos e painéis muito bons, por sinal. Sou um grande apreciador do Art Déco, embora ainda não saiba detectá-lo muito bem sem aviso prévio. Vi muitas referências interessantes entre outras meio manjadas, como o edifício Biarritz, na Praia do Flamengo, e o cinema Roxy. O mais legal da exposição são as fotografias no interior de determinados prédios. É fantástico o detalhe de um corrimão ou do desenho de uma grade... Senti falta de referências off Centro-Zona Sul, embora, como um todo, valeu bem a pena. 

 Placa turística na Rua do Lavradio

Fernanda pechinchando
um óculos retrô
Contraste do novo
com o velho
Eu suava muito, Fernanda idem. Avistamos de longe a Rua do Lavradio pela Avenida República do Paraguai, que passa por cima da Chile. Ficamos na dúvida entre subir Santa Teresa ou ficar ali por baixo mesmo... Optamos pela opção mais prática, primeiro porque a fome apertava e, em segundo, porque estava rolando a feira da Lavradio. Acho que ela nunca tinha ido, não lembro de ter me dito isso, mas estava mais curiosa do que eu. O melhor da feira é o movimento pois dá muita gente diferentona, além de gringos. De compras ali há muito artesanato e produtos de brechó, mais voltados para o público feminino. Em algumas barracas vendem-se objetos relacionados ao Rio antigo, como ímãs, caixas e até mesmo fotografias.

A Rua do Lavradio é um barato e vem sendo revitalizada continuamente. É uma das principais ruas na Lapa, sem falar no seu interessantíssimo (e cruel) contraste arquitetônico. Aqueles sobrados e casas antigas se misturam aos prédios modernos e espelhados que andaram construindo por lá na última década. É uma pena que não haja critério de construção em áreas históricas como o Centro. Enfim... a feira do Lavradio é muito musical, tem muito samba e comidas brasileiras. As pessoas almoçam animadamente em mesas colocadas no meio da rua mesmo sem se sentirem incomodadas. A Rua do Lavradio, em dia de feira, parece ser uma grande festa. E é. 


 Na feira do Lavradio, os almoços são feitos no meio da via em meio a muitas pessoas, barraquinhas e história.

Andamos em direção à Mem de Sá já um pouco cansados. O sol suga as energias. Queríamos comer feijoada. O único lugar de cara que tinha era o Informal, já lotado pelo sambinha ao vivo que reinava na sua entrada. Fome, fome, fome. Acabamos ficando no Belmonte com dois chopes logo de cara. O prato foi um tal de filé ao Oswaldo Aranha. Raramente como carne vermelha, mas acabei cedendo. Acompanhava batata portuguesa, arroz, farofa e molho à campanha. Mais dois chopes. Caiu redondo, literalmente. A barriga inchou e a preguiça veio na mesma hora. 

E o calor??!? Mais forte do que nunca. Já eram 5 horas e acabamos terminando o fim do sábado no Shopping da Gávea, em busca de ar condicionado. É a melhor invenção dos últimos tempos! Mas... Rio de Janeiro só é muito bonito e encantador com calor e muito sol. Sábado foi o dia. Fiquei satisfeito! 


O movimento da Mem de Sá através da nossa mesa, no Belmonte

Exposição Rio Art Déco, de 17.11.10 a 30.01.11
Onde: Caixa Cultural Rio de Janeiro - Grande Galeria
Endereço: Avenida República do Chile 230, Anexo | Centro | CEP 20031-170
Horário: Terça a sexta, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Entrada gratuita.
Telefone: 0xx21 22625483 / 22628152
Site: www.caixacultural.com.br

Feira da Rua do Lavradio
Quando: Todo primeiro sábado de cada mês. 

Boteco Belmonte 
Endereço: Avenida Mem de Sá 82 | Lapa | CEP 20230-152.
Horário: De domingo a quarta, das 10h às 1h. Quinta a sábado, das 10h às 4h.
Telefone: 0xx21 22242169

Site: www.botecobelmonte.com.br
Filiais também em Ipanema, Leblon, Urca, Copacabana, Jardim Botânico e Flamengo.