27.12.09

Como cuidar das ruas em 2010

O ano de 2009 está acabando e, como de praxe, nesta época, muitas pessoas fazem listas de desejos e de objetivos a serem alcançados para o ano que vai entrar. Pois bem, nada mais justo que se crie também essa mesma lista fundamentada em outra idéia: a de nos melhorarmos como cidadãos. Os cariocas estão precisando, né não?
Vamos lá!


Imagem reproduzida através do link www.cepeca.org.br/.../tela32.htmlObjetivo nº 1 - Em 2010, eu, cidadão, que possuo um cachorrinho de estimação, não mais deixarei que ele defeque as ruas do meu bairro, muito menos que suje as calçadas dos meus vizinhos. Quando for passear com ele, levarei sempre um kit limpeza para recolher suas fezes. Nada mais justo; afinal, o animal é ele, e não eu.

Objetivo nº 2 - Em 2010, eu, cidadão fumante, não jogarei mais as pontas do meu cigarro pelo chão para depois pisar sobre elas e abandoná-las ali, enfeiando o aspecto e a estética das ruas do Rio. Será uma tarefa difícil de ser realizada, pois terei de recolher as pontas; entretanto, farei este esforço para o bem de todos - inclusive o meu, que pensarei duas vezes antes de tragar um cigarro.

Foto reproduzida através do link http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/foto/0,,20634937-FMM,00.jpgObjetivo nº 3 - Em 2010, eu, cidadão consumidor, não mais jogarei lixo pelas vias de trânsito e pelas areias das praias cariocas. Aquele papel de bala consumido será guardado no meu bolso até que seja encontrada uma lixeira. O mesmo vale para papéis de propaganda, palitos de sorvete, pacotes de biscoito, latinhas de cerveja, entre muitos outros exemplos do nível.

Objetivo nº 4 - Em 2010, eu, cidadão do sexo masculino, pensarei mais no próximo e no bem-estar das pessoas que também habitam a minha cidade ao urinar pelas ruas do Rio. No Carnaval, a tarefa de se disponibilizarem banheiros públicos será da prefeitura, porém, em caso de ausência destes, o bom senso partirá de mim.

Objetivo nº 5 - Em 2010, eu, cidadão apaixonado pela liberdade e pela não existência de regras, passarei a reconhecê-las como meios importantes de se manter a ordem e não mais depredarei o patrimônio público, onde incluem-se: placas indicativas de logradouro e de trânsito, bancos de cimento, lixeiras, relógios públicos, acessórios de monumentos (inclusive o óculos do Drummond), postes...

Objetivo nº 6 - Em 2010, eu, cidadão aficionado por futebol, contribuirei para que os jogos no Maracanã sejam mais amigáveis e menos violentos, permitindo, desta forma, que famílias voltem a frequentar este espaço, que é de todos.

Foto reproduzida disponível no link http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2008/11/213_1221-eurep-calcada1.jpgObjetivo nº 7 - Em 2010, eu, cidadão motorista, respeitarei mais as leis de trânsito, sendo mais solidário, paciente e responsável ao volante. Não mais estacionarei nas calçadas e darei passagem a um pedestre sempre que for possível, desde que ambos estejam em sua zona de respeito e de direitos. Se beber, não dirigirei, e orientarei aos outros motoristas para que ajam da mesma forma.

Objetivo nº 8 - Em 2010, eu, cidadão engajado, passarei a participar mais das associações de moradores da minha comunidade, reinvindicando os meus direitos, fiscalizando os delitos que interferem no bom funcionamento do espaço urbano e cobrando das autoridades os devidos reparos em caso de injustiça ou negligência.

Objetivo nº 9 - Em 2010, eu, cidadão consciente, valorizarei os espaços verdes da minha rua, do meu bairro e da minha cidade. Cuidarei para que os jardins não sofram a ação de vândalos, para que eles cresçam, floresçam e nos presenteie, desta forma, com sua beleza e cor. Cuidarei das árvores, pedindo sempre à Fundação Parques e Jardins que faça reparos nos galhos das árvores já nascidas e que se façam nascer novas nas ruas que não possuem essa riqueza natural.

Objetivo nº 10 - Eu, cidadão carioca, que se orgulha da sua cidade e que a respeita, prometo pôr em prática todos os objetivos acima enumerados. Prometo não me esquecer deles, assim como não me esquecerei de que a atitude vale mais do que a palavra. Se eu quero que as coisas melhorem, é preciso fazer por onde. A minha parte farei, e caberá a mim, também, influenciar e educar as pessoas que não têm acesso a estas informações.

Cariocas, paulistanos, mineiros, baianos, capixabas, brasileiros... tais metas servem para todos.

Foto do link oglobo.globo.com/rio/mat/2007/12/12/327560343.asp

Um feliz 2010,
de muito progresso e paz!

23.12.09

Panoramas Rápidos (6) - Humaitá


EM MEIO AO CAOS do trânsito carioca, o bairro do Humaitá, na Zona Sul, também sabe guardar recantos bucólicos e simpáticos. A rua da foto é a Desembargador Burle, que conta com edifícios lindíssimos, jardinagem em abundância e uma vista deslumbrante para o Corcovado e o Cristo Redentor.

8.12.09

O que os anos fizeram com a Ouvidor... (parte 2/2)

Post produzido em parceria com o site Rio na Veia (rionaveia.com.br), que tem dado uma força gigante à divulgação do As Ruas do Rio

(Continuação...)


Adentrei a Rua do Ouvidor, passando pela Travessa do Comércio, esperei pelo menos uns dois minutos até o sinal da Primeiro de Março fechar para os pedestres, senti o forte ar-condicionado da Saraiva Mega Store do lado de fora, não resisti e entrei um pouco, saí novamente, esperei mais um pouco até poder cruzar a Rio Branco, tropecei em uma pedra na esquina com a Rua Uruguaiana, e lá avistei, ao fundo, o prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e, finalmente, o término da Rua do Ouvidor: eu estava já na outra extremidade. Reativando meus seis sentidos à análise, pude constatar uma diferença sonora bastante diferente daquela que existia no cruzamento com a Rua do Mercado. O.k., falar de freadas e buzinadas de ônibus não seria o mais aceitável, afinal, ambas áreas do Centro convivem com tal tipo de ruído; o barulho ali é humano. Poluição sonora mesmo, que dependendo do seu estado de humor, pode ser um prato cheio para a diversão – ou então, sinônimo de estresse.


APÓS A EXCURSÃO pelo cruzamento da Rua do Ouvidor com a do Mercado, fui em direção ao outro ponto de trabalho: o encontro da Ouvidor com o Largo de São Francisco. Antes com um visual clean, a Ouvidor agora é extremamente poluída - seja por sons, lixos ou visualmente falando. Ao fundo, o prédio do IFCS, da UFRJ.


"Cerveja, água, Skol, aqui comigo! É 2 reais!", grita um ambulante.

"Antena parabólica aqui na mão do camelô. Você vai ver os canais da TV à cabo diretamente dessa antena especial! Alô freguês, chega mais", berrava outro, em competição, desta vez em um auto-falante.



E é mate pra cá, R$ 1,99 pra lá, piratarias pra lá... Assim a Rua do Ouvidor termina, como se fosse uma espécie de camelódromo ambulante, já preparado sagazmente para qualquer tipo de aparição policial ou fiscalizadora. Mesmo sofrendo todos os riscos possíveis, os camelôs sorriem, dão gargalhadas, fazem piadas – parece que nada abala o bom humor do carioca. Nem mesmo o calor quase desumano do Centro da cidade. E os pedestres circulam em meio a esse muvuca, pedestres esses bem mais despojados que os que circulam pela região da Rua do Mercado; vestem bermudas, regatas, vestidinhos, sandálias rasteiras, Havaianas, refletindo bem o clima informal deste trecho da Rua do Ouvidor. O comércio legalizado também atende à clientela mais popular: lojas de calçados e tecidos recheados de promoção, os famosos “Chinas” com a dobradinha “ joelho mais refresco” por R$ 1,99, além de outros, tudo isso em meio a uma arquitetura também imponente, mas não tão conservada e valorizada como a dos arredores da Rua do Mercado. Entretanto, em meio ao caos, é impossível passar por ali e não achar graça em algo; mesmo com todas as adversidades, o carioca sabe divertir os pequenos detalhes do dia-a-dia.


ESTE TRECHO da Ouvidor tem de um tudo: papelarias, lojas de tecido, sebos e muito camelô. O tipo de comércio acaba sendo influenciado (e influencia!) o público da região, que é bem popular. As duas extremidades da Rua do Ouvidor são, de fato, muito distintas.


Dali eu saí com a cabeça a mil, com idéias e mais idéias sobre o que escrever, revendo as fotos registradas na máquina, e com um outro tipo de sentimento que nos foge, amiúde – o sentimento de íntima satisfação, de orgulho pelas minhas raízes. Ser natural de uma cidade que mistura, em um pequeno espaço territorial, diferentes funções, perfis sociais, aparências, e história, muita história, simboliza mais riqueza que muitas contas bancárias por aí afora...

6.12.09

O que os anos fizeram com a Ouvidor... (parte 1/2)

Post produzido em parceria com o site Rio na Veia (rionaveia.com.br), que tem dado uma força gigante à divulgação do As Ruas do Rio


Lá se vai mais de um século e meio, quase, desde que a Rua do Ouvidor perdeu seu posto de “Leblon” do Rio colonial para tornar-se em mais uma das ruas antigas – e estreitas – do Centro da cidade. Os diferentes e variados sobrados existente ao longo da Ouvidor deixaram de ser as residências das camadas altas da sociedade e têm se transformado constantemente ao longo do tempo, seja na sua funcionalidade, estrutura e até mesmo em sua existência – que deveria ser perpétua.

E a pergunta fica: como está a Ouvidor hoje, nesse fim da década dos anos 2000? Muita gente passa diariamente por esta simpática via, mas não se dá ao luxo de observar suas disparidades e de como um mesmo logradouro pode ter a incrível capacidade – e potencial – de abrigar, em diferentes trechos, dezenas de funções, sonoridades e interesses que influenciam e muito na frequência da rua. Como muitas outras ruas cariocas, a do Ouvidor tem essa incrível particularidade.

Nessa análise, vamos passear nas extremidades da Rua do Ouvidor: a primeira, é o cruzamento com a Rua do Mercado, logo ali nas imediações da Praça XV; a segunda ponta, seria o seu encontro com a Rua Ramalho Ortigão, lá no Largo de São Francisco. Dois pontos bastante distintos, mas que mantêm um mesmo elemento em comum: a Rua do Ouvidor, como endereço oficial.


REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA das duas áreas trabalhadas e fotografas: as extremidades da Rua do Ouvidor.


A Ouvidor x Mercado poderia se passar tranquilamente por cenário de filmes e/ou novelas de época se não fossem os automóveis nada antigos por ali estacionados – mal, diga-se de passagem (confira na foto ao lado). Obstruindo o cruzamento, afinal, os trechos das ruas do Mercado e do Ouvidor que não dão acesso ao trânsito de veículos são justamente estes, os automóveis ali parados contrastam com a tranquilidade histórica remetida pelos belos sobrados da região. E o melhor: sobrados restaurados, devidamente pintados, sem aquela cara de imóvel caquético caindo aos pedaços. Eles têm vida, não só pela bela arquitetura realçada pelo toque de manutenção, embora, também, pelo tipo de significado que hoje eles possuem naquele espaço urbano.


A RIQUEZA DOS detalhes da arquitetura dos sobrados e a sua boa preservação estimulou a freqüência da classe média nesta esquina, não só nos dias úteis, mas também nos fins de semana, inclusive. Os restaurantes e bares da área estão cada vez mais badalados, contribuindo diretamente com a estética urbana.


A maioria dos sobrados daquela área se dedica às atividades comerciais, mais especificamente falando, ao comércio dos comes & bebes. Local estratégico, pois é justamente nesta localidade do Centro onde existem os maiores escritórios do ramo financeiro (a Bolsa do Rio fica a poucos metros dali) e é para esse festival gastronômico que os trabalhadores partem na hora do almoço ou após o expediente – happy hour mais carioca que este não há. Quando falo trabalhadores, não me refiro a qualquer tipo de trabalhador – na sua grande maioria, são aqueles compostos por executivos, trajados em terno, gravata, sapato, que só não andam impecáveis porque esse calorzão do Rio não permite. Por outro lado, as mulheres também não cometem deslizes: terninhos, saltos altos e óculos – escuros, é lógico. A esquina Ouvidor x Mercado atinge um público-alvo baseado na classe média para cima, público este que acaba sendo refletido não só pelo comércio (como o restaurante árabe Al Khayam e a livraria Folha Seca, ali pertinho também) mas pela boa limpeza local, como um todo.


A REGIÃO, QUE é conhecida como o pólo bancário do Centro do Rio (a Bolsa fica logo ali, veja na 3ª foto), teve, ao longo desta década, seu tipo de serviços modificado para atender ao perfil de público que circula por ali, isto é, um perfil menos popular que o das demais áreas.


O cuidado dado às calçadas e aos paralelepípedos também são dignos de uma área melhor preservada, e isso não é exatamente graças à boa vontade do povo, mas sim à de quem planeja, executa e fiscaliza...

(Fim da parte 1. Continua... Aguarde!)

4.12.09

Panoramas Rápidos (5) | Grajaú


O VISUAL DA foto fica localizado na Praça Edmundo Rêgo, no bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio. Aos feriados e domingos, essa simpática praça lota de crianças e de pessoas das mais diferentes idades. Rolam atividades ao ar livre, barraquinhas de artesanato e passeios à cavalo. Tudo ali pertinho da Reserva Florestal, com vista espetacular para o Pico do Papagaio!