29.12.10

Dez cliques das ruas do Rio em 2010

Adeus ano velho, feliz ano novo!





25/02/10. Moça passeia com cachorro na Rua Maria Angélica, enquanto o Cristo, lá em cima, continuava de braços abertos, mesmo com o sol escaldante. Jardim Botânico, Zona Sul. 






09/03/10. O Morro dos Macacos, ao fundo, era uma das favelas mais problemáticas do Rio. Ganhou a sua merecida pacificação em outubro. Vila Isabel, Zona Norte.







08/06/10. Os bairros entram no espírito da Copa do Mundo da África do Sul. As homenagens, no chão das ruas, ovacionaram o Brasil e... os times de futebol dos moradores, é claro! Barra da Tijuca, Zona Oeste.





24/06/10. Essa é a Rua Afonso Cavalcanti, na Cidade Nova, o bairro que mais está se desenvolvendo na parte antiga da cidade. Novas empresas, recuperação de ruas e uma nova estação do metrô. Cidade Nova, Centro do Rio.






22/08/10. Depois de um inverno rigoroso para os padrões cariocas, a Rua Joana Angélica volta a receber o passeio despreocupado de pedestres e banhistas. Ipanema, Zona Sul.





04/09/10. Essa é a Rua Arquias Cordeiro, num sábado de sol que beirava os 40 graus. De um lado, um parque simpático, o Jardim do Méier. Do outro, a linha férrea, símbolo do subúrbio. Méier, Zona Norte.




 
05/11/10. Os shoppings foram os lugares mais lotados nesse final de ano. Isso por causa do Natal e, em segundo lugar, pelo calor horripilante do fim da primavera. Gávea, Zona Sul.


27/12/10. Os Arcos da Lapa está sendo repintado aos poucos. As ruas no entorno, como a Mem de Sá e Lavradio, foram uma das mais badaladas do Rio em 2010 e ganharam iluminação especial. Lapa, Centro do Rio.







27/12/10. Rua Teixeira de Freitas, a Escola de Música da UFRJ à esquerda e o parque do Passeio Público (oxalá seja revitalizado em 2011) no canto à direita. Centro do Rio. 




29/12/10. Cariocas não gostam de dias nublados. A Avenida Osvaldo Aranha trouxe um clima bem paulistano às terras cariocas. Praça da Bandeira, Zona Norte. 

24.12.10

Encontrei meu espírito natalino graças a uma praça

Sexta-feira, 24 de dezembro, véspera de Natal. Esse é o dia das pessoas ficarem meio amalucadas. Dentro de casa, principalmente, com os últimos preparativos para a ceia. Eu sou meio avesso a esses surtos natalinos, então resolvi sair de casa e fui andar sem destino, aproveitando o tempo fresquinho das duas da tarde. Consegui vestir uma camisa preta, um feito que seria impossível dias atrás com o calor que anda fazendo. Pelas ruas, mais gente surtada. Um vai-e-vem de pessoas saindo dos supermercados e dos hortifrutis, entre outras que provavelmente caminhavam rumo às compras dos presentes de Natal. Somente alguns poucos estavam calmos como eu. Transitávamos pelas calçadas despreocupadamente, enquanto as mamães paravam repentinamente no meio do caminho para dar a mamadeira aos seus bebês.


Acabou que eu me vi sentado em um dos bancos da Praça Afonso Pena, na Tijuca, bairro onde moro. Por ali, nem de longe parecia véspera de Natal. Já eram duas e pouca da tarde e ninguém parecia estar muito aflito com as responsabilidades impostas pelo dia. Pensei: "É, este é o meu lugar". Permaneci sentado, sentindo o vento "frio" bater no meu rosto - 26 graus no Rio de Janeiro! - e não queria outra coisa. Os cãezinhos passeavam felizes da vida. Os poodles, intrometidos, latiam e saltitavam; já os labradores, verdadeiros lordes, passavam em silêncio, mas não menos alegres.

Uma menininha loira, quase uma alemã, gritava e corria de um lado para o outro, sob os olhos atentos do pai que, apesar da barriga, tentava alcançá-la e diverti-la. No mesmo espaço, próximo da gangorra, dois irmãos negros choramingavam por cinco minutos mais nos brinquedos da praça. A mãe, de cabeleira elegante e unhas bem feitas, explicava: "Precisamos terminar de embrulhar os presentes da vovó". Um grupo de senhores, calçados em tênis iate, circulavam lentamente a praça, enquanto outros preferiam jogar xadrez muito bem acomodados nos bancos ao longo dos jardins.


Amendoeiras, coqueiros, palmeiras. As árvores de pau-brasil, com suas flores amarelas, remexiam seus galhos sempre que a brisa resolvesse passear por ali. Uma ou outra buzinada,  ou aquela freada mais brusca dos ônibus não era capaz de interferir no climão despretensioso da Praça Afonso Pena. Até mesmo o Cristo, no alto do Corcovado, bem de longe, não se deixou abater com o tempo meio londrino. Os bebês, muito menos; eles seguiam nos seus carrinhos, curiosamente felizes, mesmo sem terem a consciência de que hoje é véspera de Natal.

Olhei para o relógio e já passavam das três e meia: "Ah, não! Tá ficando tarde!". Por que tarde? O que você tem pra fazer, Pedro? Nada! O Natal nem mesmo vai ser na sua casa. Você nem mesmo vai cozinhar o Chester. Essas foram as palavras do meu eu lírico. Refleti mais, sentado num banco verde, desses típicos de praças. Dei uma olhada em todos ao meu redor novamente: cachorros, crianças, papais, vovôs, bebês, árvores e flores, Cristo Redentor.. Todos relaxados, felizes. Por que eu haveria de quebrar a harmonia? Não, hoje não. 


Agora eu estou em casa, sentado de frente para o meu computador e já são quase seis. É só virar o rosto para a direita que vejo o Maciço da Tijuca pela janela, mais verdinho como nunca me pareceu antes. Me dou conta de que a tarde despreocupada na praça me fez bem. A cabeça leve, o sorriso indestrutível. A vida agora parece ser igual às minhas canções favoritas. E aí eu vejo que são nas coisas simples que fazemos é que, de fato, está a essência. Encontrei meu espírito natalino graças a uma praça. Porque Natal, para mim, só é verdadeiro se for simples desta forma. Espero que vocês encontrem os seus respectivos "espíritos" e tenham uma noite maravilhosa. Feliz Natal!
(Pedro Paulo Bastos)

12.12.10

Um jardim botânico pelas ruas do Grajaú

 Por menos generosos que tenham sido os anos, o Grajaú continua mantendo o seu charme em uma área que se tornou vulnerável à violência 

O Pico do Papagaio, que também é conhecido como a
Pedra do Andaraí, no cruzamento das ruas Canavieiras
e Caruaru. 

Mapa com a rua em destaque
Eu reluto muito em ir ao Grajaú porque me entristece passar por lugares que caíram em qualidade, assim, de uma hora para outra. O problema, de fato, é chegar ao Grajaú, ou seja, passar pela abandonada Vila Isabel ou pelo esquecido Andaraí. Dar de cara com o Largo do Verdun e adentrar uma daquelas alamedas para cima da Borda do Mato é tarefa fácil para mim. Gosto de verdade do Grajaú e por mais decadente que ele esteja (o Rio todo está, convenhamos!), é sempre um prazer caminhar pelas suas ruas e praças. 


Violetas no jardim



Bebericos na Professor
Valadares
Grajaú Country Club
Comecei a minha caminhada sem um rumo certo. Desci a Rua Canavieiras até dar uma parada para descansar do sol - na verdade, eu queria mesmo era um ângulo interessante para admirar o Pico do Papagaio, mais conhecido como a Pedra do Andaraí. De um lado, estava o Grajaú Country Club. Do outro, uma esquininha muito simpática, rodeada de canteiros com violetas. Quase nesse cruzamento, havia também uma espécie de joint local, com mesas e guarda-sóis ao ar livre. O público, na faixa acima dos 35, bebericava e petiscava sob o sol escaldante de dezembro. Eu, particularmente, detesto o calor, mas ali estava muito agradável. São muitas árvores e plantas e isso ameniza a sensação térmica. Adentrei mais a rua e decidi passear por ali mesmo. Ela é a Rua Professor Valadares


 Enquanto as folhas secas se espalham em forma de tapete pela Rua Professor Valadares, árvores imponentes me ofereceram sombra para iniciar o meu percurso. 

 Observe bem estas casas. Uma em estilo suíço e outra mais semelhante aos modelos coloniais. O Grajaú mistura diversos estilos arquitetônicos. 


Casas e o Pico do
Papagaio, ao fundo
Um dos poucos prédios
Muitas casas e alguns poucos edifícios, que acabam tornando-se todos espigões, mesmo que tenham apenas cinco andares. Não só na Professor Valadares, mas como em todo o bairro, vê-se muitas casas "de vovô & vovó". São aqueles casarões antigos, de apenas um andar, com uma área externa, jardim e, em geral, um carrão antigo estacionado ali. Opala, Passat, assim como fusquinhas bem conservados. São aqueles tipos de residência da classe média-alta no passado e que hoje lutam contra o tempo. Muitas estão precisando de ajuda na conservação; outras, estão tão bem na fita, que parecem até pousadas ou pequenas estalagens. E as casas em estilo suíço? Do nada elas aparecem! Me supreende porque não são tão comuns no Rio.


Veja como os jardins são valorizados ao longo da Rua Professor Valadares, principalmente no primeiro trecho, entre a Rua Canavieiras e a Avenida Júlio Furtado. Nos dois primeiros jardins, à esquerda, criou-se um espaço de passagem para os apressadinhos que gostam de cortar caminho. Será que respeitam essa trilha?
 
As casas nas proximidades da Avenida Júlio Furtado



Moça caminha sobre
tapete de folhas
É ou não um suave
jogo de cores?
Entretanto, por mais bonitinhas que as casas da Professor Valadares sejam, o destaque mesmo da rua fica para os jardins e árvores. Lembro-me de ter comentado com um amigo, há pouco tempo, que as estações do ano não são muito bem definidas aqui no Brasil, diferentemente de outros lugares. Não sei se é porque estou observando mais atentamente - a questão é que eu sinto a Primavera fazer efeito no Rio de Janeiro pela primeira vez aos meus olhos. Muitas das ruas arborizadas que tenho percorrido estão floridas. Na Rua Professor Valadares, por acaso, estava uma mescla de Primavera com Outono: muitas flores, embora muitas folhas caídas ao longo da via. Uma variedade de folhas e flores, em diferentes formatos e cores. É uma pena eu não saber nada de botânica. Deixo as fotos para que vocês as apreciem, e, quem souber seus nomes, ficarei grato em aprendê-los. 


 Casas e flores

Algumas das casas lembram um pouco aquele estereótipo de "casa da vó". Os jardins do Grajaú, por outro lado, oferecem um visual bucólico e sofisticado muito atípico aos bairros da Zona Norte. 

O Pico do Papagaio, na esquina
com a Mearim
Olha, quero voltar a falar sobre o Pico do Papagaio. Ele pode ser visto de muitos lugares: Linha Vermelha, Linha Amarela, Ponte Rio-Niterói, Maracanã, Santa Teresa, Avenida Presidente Vargas. A rocha é marca registrada do Grajaú, e na Rua Professor Valadares compõe, junto das flores, um cenário extraordinário. É muito bonita a paisagem, de verdade. Para mim, é um dos melhores cenários naturais cariocas. Pouco se fala no Pico do Papagaio - e na sua imponência - por ele estar fora do circuito turístico da cidade. Como disse uma vez, no primeiro post do blog (Bucolismo na Zona Norte), a Pedra do Andaraí está para o Grajaú assim como a Pedra da Gávea está para São Conrado. Qual das duas eu prefiro? Vá! Apesar do Grajaú não ter o marzão que São Conrado tem, o impacto que o Pico do Papagaio produz no paisagismo do Grajaú é gritante de bonito. Pretendo falar mais sobre essa rocha em um post à parte. 


 Já mais para o final da Professor Valadares, começam a aparecer paredes grafitadas em convivência com as mesmas casas das do início da rua. 


Praça Malvino Reis ao fundo,
onde termina a Professor Valadares
A Rua Professor Valadares é constante em paisagem. No cruzamento com a Rua Mearim começam a aparecer alguns botecos, típicos da Zona Norte, mas nada que agrida ao bucolismo intocável do bairro. Porém, verdade seja dita: quanto mais próximo da Praça Malvino Reis, mais se percebe a ação de vândalos. As casas e prédios estão um pouco pichadas, os canteiros já não muito bem cuidados e o ruído do trânsito pesado da confluência das  ruas José do Patrocínio e Teodoro da Silva se faz presente. Como em toda cidade grande, temos de viver com problemas desse tipo; agora, ter uma ilha de calmaria feito o Grajaú, é um troféu dos melhores. 

Gostou da Rua Professor Valadares? Mora por ali? Deixe seu comentário!

11.12.10

Lagoa e Sulacap ganharão novos cinemas


Lagoon. (Reprodução do
Google Street View
)
Sempre que passo pela Avenida Borges de Medeiros, próximo à sede do Flamengo, fico me perguntando que diabos é Lagoon, palavrinha presente nas placas direcionais de trânsito. Seria uma forma de indicar em inglês a Lagoa para os turistas? Acho que não chegamos a esse ponto de assassinar o português de vez em terras tupiniquins. O questionamento persistiu, até que, nas últimas semanas, começaram a pipocar pelos jornais notas breves sobre um novo empreendimento comercial às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, a la mexicana: o Cinépolis Lagoon. Cinépolis, na verdade, é o nome de uma rede de cinemas de origem mexicana que é a 5ª maior do mundo. Vão inaugurar seis salas dentro do tal "Lagoon" (Av. Borges de Medeiros 1424) no próximo 17 de Dezembro. Três das seis salas serão 3D, o que dá a entender que será um cinema voltado para os filmes mais pipocões.

Cinépolis
Por um momento fiquei um pouco revoltado. Pensei: "Pô, tanto lugar no Rio de Janeiro sem nenhuma sala de cinema e eles vão abrir logo mais seis salas na Zona Sul. Que injustiça!". E não deixa de ser verdade; as outras regiões são mais carentes em cultura. Pulei para o site da Cinépolis em busca de mais informações sobre a empresa. Para o meu engano,  vi que eles não vão abrir salas apenas na Lagoa, mas sim na Zona Oeste também, mais especificamente no bairro de Jardim Sulacap, entre Realengo e Vila Valqueire. 

O Lagoon é um novo centro comercial, gastronômico e esportivo às margens da Lagoa. A Cinépolis abre sua filial ali ainda nesse mês de dezembro. 

Falando em Sulacap, não posso deixar de lembrar que o bairro ganhou há poucos meses o Cine 10, um complexo de seis salas (num total de 1.375 lugares), dentro do Carrefour da Avenida Marechal Fontenelle. O Cine 10 foi o primeiro cinema financiado pela Ancine. Agora, os novos cinemas chegarão à região pela Cinépolis, provavelmente dentro do futuro Parque Shopping Sulacap, previsto para inaugurar no final de 2011.  

Fiquei muito contente com a iniciativa e espero que a Cinépolis espalhe cada vez mais suas filiais pela cidade - principalmente pelas zonas Norte, Oeste e suburbana (até mesmo no Centro!). Nestas áreas há um público carente pela falta de opções do tipo e as filas são quilômétricas nos fins de semana em shoppings como, por exemplo, o Norte Shopping e o Nova América. Público é o que não falta. Área para construção, menos ainda! Sucesso para a Cinépolis. 

Lançamento do livro "Mobiliário Urbano", de Elvira Rossi


Recebi por e-mail hoje esse flyer para o lançamento do livro "Mobiliário Urbano", da arquiteta e urbanista Elvira Maria Rossi, pela editora Arte Ensaio. O livro traz imagens detalhadas do mobiliário urbano carioca, que é uma das minhas grandes paixões. Inclusive, andei vendo por esses dias fotos das antigas placas-pirulitos, extintas em 2008, e bateu uma saudade... Ando nostálgico e esse livro com certeza irá para a minha estante. Desta forma, estarei me preparando para sentir aquela saudadezinha de 2010 ao folheá-lo daqui a 40 anos... 

 

Na próxima quarta-feira dia 15 de dezembro de 2010, será lançado pela editora Arte Ensaio o livro Mobiliário Urbano. Um Livro de arte com imagens detalhadas de elementos de mobília urbana da cidade do Rio de Janeiro. Mobiliário urbano é o conjunto de equipamentos localizados em áreas públicas de uma cidade, destinados à prestação de serviços, à comodidade e ao conforto exterior dos habitantes. Tais como: cabines de segurança, placas direcionais, abrigos de ônibus e táxis, postes informativos, lixeiras, relógios, postes de iluminação, apoio para bicicletas, quiosques, abrigos para telefones, sanitários e relógios eletrônicos. Podendo incluir nesta lista monumentos, estátuas e obras de arte externa. Com a proposta de abordar momentos importantes do desenvolvimento urbanístico da cidade, os textos do projeto Mobiliário Urbano foram redigidos pela renomada arquiteta e urbanista, Elvira Rossi. Uma profissional profundamente envolvida em projetos relevantes para o aperfeiçoamento visual do Rio de Janeiro. As fotografias são assinadas pelos fotógrafos Renan Oliveira e Gustavo Malheiros, que conseguiram dar o tom de modernidade exuberância às imagens da cidade. Já a direção de arte ficou a cargo do nome do momento, Christiano Menezes dono da premiada Retina 78, agência de Design responsável pelos projetos gráficos mais badalados do Rio de Janeiro.

Serviço
Livraria da Travessa | 15.12.10 | Rua Sete de Setembro 54 | 19h

6.11.10

Entre o alto e o baixo da Gávea

Ruas na Gávea preservam muito do que já não existe mais na Zona Sul: bucolismo e sossego


Mapa do trecho percorrido
As minhas idas à Gávea se restringem sempre ao início da Rua Marquês de São Vicente, onde está o Shopping da Gávea, com uma das melhores salas de cinema da cidade. Vou no máximo até a PUC. Mas, para o blog (e para o meu acervo de fotos, é claro!), resolvi ir mais além: ultrapassei um considerável pedaço da principal rua do bairro em direção ao oeste. Se no trecho inicial o burburinho é maior devido ao shopping, a Marquês de São Vicente fica cada vez mais rústica a medida que vai se distanciando ali da Rua Vice-Governador Rubens Berardo. O que predomina é uma imagem de bairro antigo, com lojinhas locais, uns sobrados e edifícios antiguinhos, alguns mal conservados, outros recuperados. Sem dúvidas, o mais antigo nesta paisagem é a beleza do Dois Irmãos, bem ao fundo. Lindo!

Na subida da Rua Marquês de São Vicente, o Dois Irmãos e a Rua João Borges, à direita: passeio na Gávea rendeu-me uns bons cliques. Acompanhe!

Segui o percurso e parei exatamente ao lado de uma placa-pirulito, mostrando-me que, à direita, a rua levava o nome de João Borges. Uma outra placa, do outro lado da rua, indicava que ali era caminho para a Clínica São Vicente. Antes de prosseguir, quero dizer que a minha parada nessa esquina não foi acidental - eu já tinha planejado que iria para essa região. Eu parei mesmo porque ontem, sexta-feira 5, o calor tava de matar! Continuemos...

A Rua João Borges tem como características principais o seu conjunto de cores, árvores e flores. Estas últimas, no entanto, devem ser fruto da Primavera, a estação de agora que mais está parecendo o Verão.

Uma das casas na João Borges.
Essa é mais incrementada
A Gávea é engraçada: se por um lado a Rua Marquês de São Vicente é o "sapo" desta área, por outro, as ruas internas são as "princesas". Que ruas agradáveis e bonitas! A João Borges é colorida, arborizada e florida! É difícil conseguirmos esses três elementos em um mesmo logradouro. As cores que mais me marcaram nessa rua foi o rosa, de uma casa espetacular nomeada de Canto das Mangueiras, e o laranja, de uma casa mais simples, mas não menos bonita. Sem mencionar o verde quase neon de um Opala antigo estacionado em frente a um casarão com portões de madeira. Os poucos edifícios da Rua João Borges são antigos e com venezianas, do jeito que eu gosto. Mas as casas... Ah, essas casas... Elas são predominantes na paisagem e seu maior luxo é serem simples.

Fim do primeiro trecho da João Borges, ponto onde ela se encontra com outra rua, a Duque Estrada. Muitas árvores, muito verde... Parece uma cidade de interior.

Uma cabine da PM, muros recobertos por plantas, uma placa trilíngue indicando o caminho da Clínica São Vicente, uma outra ruazinha simpática e, nesta esquina, um edifício baixinho, de três andares. Branquinho com janelas de madeira em azul vivo. O cercado foi preenchido por um jardim dos mais simpáticos. Uma portaria com escadinhas sutilmente decoradas por azulejos. Na parte frontal, janelões - os apartamentos devem ser confortáveis!

Eis o tal edifício bajulado no parágrafo anterior. Ele fica bem na esquina, além de ter um outro gêmeo, ao lado, na Rua Duque Estrada.

Jardim do edifício
Solar Duque Estrada
Aparentemente não tem garagem, mas para quê? O edifício lembra-me uma espécie de mini pousada, com elementos de um chalé, desses que ficam na serra ou em hotéis-fazenda. Só faltou uma namoradeira na janela. Virei à direita. A ruazinha simpática, em questão, é a Duque Estrada. Como a João Borges, ela é composta por muitas casas e poucos edifícios. Imóveis de diferentes épocas e estilos. Os prediozinhos mais baixos são os mais antigos, e os mais gostosos de se admirar. Muros baixinhos e cores fortes, que se transformam em uma particularidade da Rua Duque Estrada. Mais uma vez, o que impressiona são as árvores e flores. Há de tudo, palmeiras, jardins, amendoeiras, árvores com troncos longos e finos, que remetem à imagem de um relâmpago.

Apesar de serem prédios antigos e sem garagem, o que é quase um pecado imobiliário para os dias atuais, eles conseguem se sobressair nos detalhes. O colorido faz ou não a diferença?

Contraste entre o
novo e o velho
A Duque Estrada poderia ser sinuosa se as suas curvas não fossem tão fechadas. São vértices bem definidos, que impedem o pedestre de saber o que há adiante. É um labirinto onde somente a coragem em avançar é que lhe dará a visão do que cada cantinho deste lugar segue preservando. Num desses avanços foi onde eu me deparei com quatro casinhas do arco da velha! Aparentam ser resquícios das vilas operárias que existiam na Gávea e no Jardim Botânico no início do século passado. Essa era uma região de muitas fábricas e com a valorização dos terrenos na Zona Sul foram sendo expulsas para dar espaço aos novos empreendimentos imobiliários. Final das contas: tais casinhas, hoje, fazem um contraste muito interessante com a arquitetura mais contemporânea, não só pela altura de alguns espigões como, também, pelo seu colorido.

Diferentes tipos arbóreos ao longo da Rua Duque Estrada. Todas as ruas do Rio poderiam ser assim, não acham?

O som saía desses
bueiros
Aproximando-me do final da Rua Duque Estrada, foi possível ouvir um barulhinho de riacho, algo similar a isso. Olho para o chão e há um bueiro. Não é um simples bueiro; tem água corrente e que faz o tal barulhinho. Olho para a direita e há um tipo de buraco com grades entre um condomínio e o número 33 da rua. Meti minha cara para ver o que era: algo parecido a um córrego. É provável que seja proveniente do Rio Rainha, que desce o Alto da Boa Vista em direção à Gávea, não sei. O que vale mesmo é o som proporcionado! Ninguém mais precisa comprar aqueles equipamentos de água corrente sobre um conjuntinho de pedras vendidos em lojas esotéricas.

A Duque Estrada termina na Marquês de São Vicente como um pólo de colégios do munícipio.

Ficou longo esse post, mas eu cheguei ao final dele - e da Rua Duque Estrada, também. Ela termina exatamente onde eu comecei, que foi na Marquês de São Vicente, de frente para um muro extenso de altura limitada. À minha esquerda, dois colégios municipais repletos de crianças que aguardavam, ansiosos, por seus pais. Cinco da tarde de uma sexta-feira - que momento mais feliz! Eu, no entanto, saí da minha excursão fotográfica e fui à procura de um mate bem gelado... Caiu bem!