18.4.11

À beira da Quinta

Um especial sobre o conjunto de ruas que vêm ganhando novíssimos empreendimentos imobiliários e mudando a cara da região que já foi a mais nobre do Rio

Mapa do entorno da Quinta da
Boa Vista, na Zona Norte do Rio.
Em uma manhã ensolorada de domingo, supõe-se que todos os cariocas estejam se dirigindo para as praias ao sul da cidade. Certo? Errado! Pela passarela que interliga a Avenida Radial Oeste e São Cristóvão passavam dezenas de pessoas recém-desembarcadas do metrô e do trem em direção à Quinta da Boa Vista, parque que eu não visitava há mais de uma década. Lembro-me com carinho dos passeios da escola ao Jardim Zoológico e aos picnics no gramado da Quinta. No entanto, antes de revisitá-la, fiz um recorrido a pé pela avenida que margeia o parque onde morava o imperador.

 Muitas pessoas desembarcam nas estações São Cristóvão do metrô e do trem para aproveitar o dia na Quinta da Boa Vista.

Antes de mais nada, é preciso informar aos navegantes que andar a pé por ali só vale a pena se for em um dia como esse, de grande movimento pelo parque e com a luz do sol, de preferência. Basta cair a noite para que a Quinta da Boa Vista mergulhe na escuridão ainda mais fortalecida pela quantidade de árvores e folhas centenárias de São Cristóvão. Sem esquecer de que é no período da noite o momento menos charmoso da Quinta, já que se converte em zona de prostituição e de alguns meliantes. Um defeito contínuo, que pode ser remediado com a implantação de eficientes políticas públicas.

Mesmo assim, recomendo um passeio por ali - ainda que seja de carro., se você preferir. Até porque, como já relatei no post anterior, existe um movimento de recuperação de São Cristóvão e as avenidas Rotary Internacional e General Herculano Gomes prometem ser as maiores beneficiadas. Afinal, morar de frente para um espaço verde como a Quinta é sinônimo de status em outros lugares... Menos no Rio, que tem a praia como carro-chefe (e quase único) no que tange aos espaços de lazer, em detrimento dos grandes espaços verdes urbanos. 

 O início da Rua General Herculano Gomes em dois momentos: defronte para a passarela que liga a Radial Oeste e, na outra, já com o Hospital Quinta D'or, na Rua Almirante Baltazar.

O início da Rua General Herculano Gomes é bem confuso, principalmente em função do formigueiro humano que transita entre o parque, o metrô e o trem, logo ali. Um ponto final de ônibus de linhas que vão para Copacabana e Leblon, todos daqueles amarelinhos, também contribui com a desordem. A entrada da Quinta também é caótica nos dias de domingo, embora seguir pela General Herculano Gomes em direção ao Campo de São Cristóvão seja bem mais tranquilo. Poucos pedestres, é claro, e muitos automóveis procurando onde estacionar.

 A Rua General Herculano Gomes lembra um pouco a Avenida República do Líbano, em São Paulo, que é a que circunda ao norte o Parque do Ibirapuera.

A placa indica praça
na rotatória
Quem conhece São Paulo e consegue identificar suas particularidades, diria que a Rua General Herculano Gomes é um exemplo paulistano dentro do Rio. Larga, duas pistas e canteiro central, parece de fato uma daquelas ruas paulistanas, principalmente a que circunda o Parque do Ibirapuera. Árvores gigantescas que se alinham às outras árvores no interior do parque, promovendo um grande telhado de folhas e galhos. Há, inclusive, um certo desnível entre uma pista e a outra, tendo o canteiro central um pequeno aclive todo cheio de grama. É muito bonito - e poderia ser ainda mais se fosse menos mal amado.

Surgimento de
novos prédios
De prédios e casas, a General Herculano Gomes é bem pobre. Pobre no sentido de que não há muita coisa construída (a não ser galpões abandonados), o que nos impede de ver e admirar, situação que está mudando com a construção de novos condomínios. Espaço é o que não falta. Há pelo menos dois novos condomínios em construção, já levantados e no esqueleto, com previsão de entrega para o final de 2011, perto já da Avenida Pedro II. Mais para o início da rua, está o Hospital Quinta D'or, inaugurado em 2001. Talvez ele que tenha recuperado um pouco a lembrança de que, sim, existe um parque do porte como o da Quinta da Boa Vista aqui no Rio de Janeiro. Para os portadores de plano de saúde, o hospital é referência e atrai pacientes de todos os cantos da cidade.

 A chegada à praça rotatória, onde está o antigo portão do parque. Ali é a confluência das avenidas Pedro II e Rotary Internacional e da Rua General Herculano Gomes.

A mureta do Museu Conde
de Linhares
Acho que o grande barato do lado de fora da Quinta é quando se chega à união da Rua General Herculano Gomes com as avenidas Pedro II e Rotary Internacional. É ali, numa praça rotatória, onde está o antigo e formosíssimo portão da Quinta da Boa Vista, mantido intacto após intervenções viárias na região. Esse, na minha opinião, é um dos locais da cidade de que eu mais gosto. Acho muito bonito esse portão e o seu entorno, de trânsito  carregado devido à confluência das três avenidas citadas.

 O panorama da Rua General Herculano Gomes, vista da praça onde está o antigo e intacto portão da Quinta da Boa Vista.

Já quando a Herculano Gomes se transforma em Avenida Rotary Internacional é que aparecem os primeiros condomínios já construídos da região. Na verdade, o endereço oficial do condomínio Paço Real, por exemplo, é o da rua detrás, Euclides da Cunha 255. Uma série de lançamentos imobiliários pretende mudar a cara dessa parte do bairro, tornando-o mais agradável e familiar. Se depender dos números dos novos empreendimentos, é bem capaz que o tenebroso panorama que assolou a Quinta esteja mudando sim. Aliás, eu espero que sim, porque é uma área nobre sob todos os pontos de vista, principalmente o histórico. É preciso recuperá-la! 


 O condomínio Paço Real, pioneiro na região, e os seus jardins na Avenida Rotary Internacional. 

A minha caminhada terminou bem na esquina com a Rua do Parque. Não segui até o final da Rotary Internacional porque estava ansioso para curtir as belezas do interior da Quinta. Por lá estava bem divertido... vocês verão na próxima postagem! Um abraço! 

 Fim do percurso, próximo à Rua do Parque. Encontrem-me agora dentro da Quinta! Acompanhem! 
 

3 comentários:

Cris Chagas disse...

Pedro, eu tenho q ser honesta, acho a Quinta linda (ainda q precisando de cuidados), mas não gosto nem um pouco do bairro de São Cristóvão.

Ali, nos arredores da Quinta fizeram um condomínio lindo, mas o lugar é tenebros cheio de drogados e prostitutas drogadas, travestis (etc) em volta. Dá medo... e pena...

bjs

Pedro Paulo Bastos disse...

Reformulando então a sua opinião: você não gosta das PESSOAS que estão em São Cristóvão, não do bairro. Como eu disse na postagem, políticas públicas eficientes podem corrigir esse problema, assim como fizeram na Lapa e na Cidade Nova, perto do Piranhão!
Beijão!

Anônimo disse...

passo a noite todo dia na volta do trabalho na rotary e não vejo perigo