19.9.09

Em Copacabana, a calmaria está na esquina com a muvuca


COPACABANA: Na foto, a Avenida Atlântica, nas imediações da Rua República do Peru, na Zona Sul da cidade.


Qual seria a imagem que passaria imediatamente pela sua cabeça ao te proporem o seguinte pedido: “Descreva Copacabana”? Para quem é de fora, Copacabana é sinônimo de luxo, herdado pelo seu passado glorioso e o calçadão maravilhoso. Sem falar no reconhecimento internacional. E para os cariocas, aqueles já bem entrosados com toda a dinâmica da cidade e suas peculiariades? Provavelmente responderiam: “Ah, Copacabana é muvuca, muito barulho, trânsito, muita gente, selva de pedra...". É basicamente isso o que escuto de amigos e de outras pessoas Rio adentro. E, realmente, Copacabana, com exceção da sua praia lindíssima, é tudo isso mesmo: ícone da diversidade, seja social ou espacial. Porém, poucos sabem que, em recantos praticamente escondidos, mas, ao mesmo tempo, inseridos no mar de confusão típica desta área da Zona Sul, Copacabana esconde sua faceta bucólica e bastaaaaaaante sossegada. Quer um exemplo do que falo? Acompanhe-me, então.

Localizada entre o posto 2 e 3 da praia, a Rua República do Peru pode ser um dos diversos exemplos de ruas movimentadas no bairro de Copacabana – vulgo “Copa”. O.k., é uma rua predominantemente residencial, arborizada, lotada de edifícios... entretanto, devido a sua proximidade com os principais eixos viários do bairro, a República do Peru absorve muito do ruído das buzinas e freadas dos ônibus e carros que circulam 24 horas por dia pelas ruas Barata Ribeiro e Tonelero e das avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana – os tais corredores de trânsito intenso cortados pela rua. Consulte o mapa acima, para maiores detalhes!


REPÚBLICA DO PERU: O início da rua é marcado pela filial do bar e botequim Manoel e Juaquim e a Escola Municipal Cícero Pena, ao fundo.


PARTICULARIDADES: As pedras portuguesas e os edifícios antigos são o ícone do bairro de Copacabana.


Como diria meu irmão, Copacabana tem cheiro, e quem tiver essa mesma sensibilidade de percepção, sabe do que estou falando. Este oceano de edifícios antigos que compõem as suas ruas – dispostas em um quase-perfeito tabuleiro de xadrez – exalam um odor muito particular, principalmente quando os portões das garagens e dos elevadores se abrem. É um cheiro antigo, que lembra, obviamente, o que é velho, mas não de forma degradada. Remete-nos a um passado que, talvez, nem eu, nem você, tenhamos vivido, porém, fica fresco na memória através do nosso conhecimento de mundo e, principalmente, de história. Sem falar também que Copa tem todo um ícone de bairro da terceira idade, que reforça ainda mais o que estou falando. Curiosíssimo; e a República do Peru é basicamente do jeito que estou descrevendo.


REPÚBLICA x NOSSA SENHORA: O cruzamento com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana indica, de forma clara, o quão movimentada é a região; muito comércio e trânsito intenso. Se você achar que é exagero meu, o.k., as fotos foram tiradas em um domingo! Por isso que está aparentemente calmo.


Com muitas sombras e pouco sol – graças às arvores! Benditas! –, um tímido e variado comércio se espalha ao longo República do Peru, mais especificamente nas esquinas, contribuindo para o tal vai-e-vem de pessoas. Logo no seu início, na esquina com a Avenida Atlântica, está a filial do prestigiado Manoel e Juaquim (aquele, do Engenho de Dentro). Mais adiante, no cruzamento com a Nossa Senhora, outro bar, também bastante badalado: o Informal (já este, oriundo do Leblon). Lojas de roupas e acessórios esportivos, como a Saint Gall e a Charif’s Esportes, casa de sucos – a Fruti Vita e o Big Bi –, a Casa do Pão de Queijo, pé-sujos, farmácia, hotéis, bancas de jornal e uma loja de materiais elétricos e hidráulicos, compõem o comércio da Rua República do Peru. Sem falar também nas duas escolas públicas situadas neste logradouro: o colégio estadual Pedro Álvares Cabral e, na esquina com a Atlântica, o municipal Doutor Cícero Pena.


MAIS DO CRUZAMENTO: À esquerda, a casa de sucos Fruti Vita e alguns dos ônibus que circulam pela Av. Copacabana; à direita, o botequim Informal, com a loja de materiais hidráulicos e elétricos, ao fundo.


CONSTRUÇÕES: Mais edifícios residenciais na Rua República do Peru. Na última foto, o Hotel Apa ao fundo, na esquina com a Rua Barata Ribeiro.


SEGUINDO ADIANTE: A esquina com a Barata Ribeiro e o caminho em direção ao Morro de São João, no final da via.


Seguindo a República do Peru toda, em direção ao Morro de São João, já nas imediações da Rua Tonelero pode-se começar a sentir uma atmosfera mais leve e calma. Embora seja uma rua com trânsito considerável, a Tonelero resguarda uma pacificidade, que passará a dominar toda essa área, ao sopé do morro. Entre árvores e, agora, com mais jardins, a República do Peru termina com prédios mais sofisticados, um pinheiro e a visão dos outros prédios, com guaritas, colados à encosta do São João. É, definitivamente, outro clima. As buzinas ecoam de forma remota, livrando-nos o incômodo aos ouvidos e presenteando-nos com o canto dos pássaros que por ali passeiam. E logo no final, existe uma esquina: a da calmaria – a Rua Conrado Niemeyer, pouco conhecida pelos cariocas e muito disputadíssima no mercado imobiliário de Copa.


O FINAL DA REPÚBLICA DO PERU: A atmosfera do local é modificado devido à proximidade com o Morro de São João. Os edifícios passam a ser mais bem-cuidados e ajardinados.


Casas, cheiro de terra molhada (o dia estava chuvoso), escadinhas, ladeirinhas...: a Conrado Niemeyer faz-nos acreditar seriamente que poderíamos estar, sei lá, na Gávea, no Jardim Botânico ou então numa das ruelas do Alto da Boa Vista; mas não, ali é Copacabana (fotos ao lado). Os edifícios antigos permanecem no cenário, mas na Conrado Niemeyer eles são mais incrementados por flores e plantas e com uma nítida manutenção anti-sujeira, coisa que os outros da parte “muvuca” da República do Peru não possuem. Além disso, preservam o mesmo charme que lhes presenteou sua construção, seja a época que for. A rua também é toda coberta por jardins, canteiros, vasos e sombra, muita sombra. Copacabana, independente do local, é arborizada. E isso é um ponto bastante positivo no bairro.


CONRADO NIEMEYER: Bucolismo no coração de Copacabana.


EDIFÍCIOS: Alguns amplos e coloridos, outros mais antigos e um novíssimo lançamento, que distoa de todos da rua com sua portaria espelhada.


A Rua Conrado Niemeyer termina rápido, no encontro com a Rua Marechal Mascarenhas de Morais, também outra ruazinha muito simpática, calma e nobre, que, inclusive, mantém uma cancela com guarita, no trecho em que fica bem colada ao Morro de São João, impedindo a entrada de estranhos. Reflexo da insegurança. Prevenção contra a bagunça. É ou não é a esquina da calmaria com a muvuca?


O FINAL: A Rua Conrado Niemeyer termina no encontro com a Rua Marechal Mascarenhas de Morais, caracterizado por jardins, como o da foto, e uma cancela que impede a entrada de estranhos.


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10 comentários:

Nelma disse...

Pedro, voce esta se superando.
Adorei a materia de Copacabana, fotos e texto muito bons.
Aliás, começo a pensar em uma mudança de bairro.

Anônimo disse...

Quanto ao cheiro, guardo bem na memória, já que atualmente moro fora do Rio... me lembra algo como gás encanado!!
Será loucura??

Parabéns pelo blog, continue o belo trabalho!

Pedro Paulo Bastos disse...

Olha, você falou uma coisa que é verdade: esse cheiro é meio de gás encanado mesmo, algo do tipo. Não é loucura, é fato! hahaha...
Um abraço e obrigado!

Janete disse...

PEDRO,VC FOI MUITO FELIZ AO FALAR SOBRE O MEU BAIRRO QUERIDO.COPACABANA NÃO É SÓ ¨TOP E SHORTINHO¨AINDA GUARDA ALGUNS RESQUÍCIOS DE GLAMOUR.
BEIJOS

Janete disse...

VEM NELMA,VEM PARA COPACABANA!!!!!!

Gustavo Feijó disse...

Parabéns pelo blog. Um texto elegantemente bem escrito.

Moro em Copa há 5 anos e ainda não consegui gostar disso.

A não ser pela proximidade de qualquer tipo de comércio, Copacabana é um horror.

Trânsito, barulho, entulho de gente. Cheiro, só se for das fezes de cães, gatos e mendigos.

Anônimo disse...

amo copacabana, odeio quem fala mal

não gostou? se muda! não tem dinheiro? vai pro subúrbio!

Anônimo disse...

A melhor pare, na minha opinião não foi coberta pela matéria. Se subisse a Mascarenhas de Moraes (passando pela mencionada cancela) percebes ainda mais trabquilidade e bucolismo, principalmente ao final da rua. Nem parece estar no Rio - muito menos em Copacabana.

Gi Moreira disse...

Meu namorado mora na Conrado e adoro!! :)

Eu moro na Domingos Ferreira, entre Siqueira e Figueiredo! Pertinho de TUDO do bairro e da praia! AMO COPA!

Anônimo disse...

...interessante o blog. Onde APRENDEMOS até!
COPACABANA um mundo mesmo; quando transitava ao ser menor - um MUNDO mesmo.
Sobre a rua MASCARENHAS DE MORAES: conheci gente que morava nesta, e a tal ROCHA COM CONTENÇÃO sempre me fascinou.
Embora prefira o LEME.
Ao ver "imagens no Google"/vejo como a cidade mudou.
Resido na capital gaúcha há 24 anos. Grande como CIDADE GRANDE.
E as coisas NÃO ESTÃO FACEIS POR AQUI _ sucateamento de muita coisa. O Estado já foi bom. Ou NORMAL.


Rodrigo