Um breve passeio pelo "lado" mais tradicional do Méier, na Zona Norte 
 VISTA DA Rua Aquias Cordeiro e a estação de trem do Méier. 
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| O ENTORNO DA Rua Santa Fé, pelo mapa.
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O tempo amanheceu sinistro no sábado  passado, dia 4 de Setembro. Sinistro porque não estava nem um pouco  fresquinho como agora, pós-feriadão. Esse calor intenso que às vezes  calha de fazer aqui no Rio nos deixa bem assustados, afinal, o verão  carioca é um grande trauma - não queiram negar! Ar condicionado ligado full time,  suor, indisposição... É. Sábado foi assim. Eu poderia ter ido dar uma  volta na Lagoa, dar aquela relaxada, mas pensei melhor e... quer saber?  Peguei um ônibus e fui pro Méier! Já tinha um tempo que eu queria voltar  lá para fotografar algumas ruas, como, por exemplo, a que eu trago  hoje: a Rua Santa Fé e o seu vizinho jardim, o Jardim do Méier. 
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| ESSA É a esquina da Rua Coração de Maria com Santa Fé
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No início eu falei: um breve passeio  pelo "lado" mais tradicional do Méier. Por que lado? Quem não conhece a  Zona Norte suburbana ou até mesmo seja de fora do Rio, talvez não saiba  que grande parte desta região da cidade é cortada pela linha férrea.  Então, muitos dos lugares que recebem estações ao longo da ferrovia são  divididos fisicamente por ela e aí criam-se os dois lados do bairro. No  caso do Méier, tais lados podem ser representados pelo da Rua Dias da  Cruz e o lado do Jardim do Méier. Este, onde também está o famoso  Hospital Salgado Filho, eu consideraria o lado mais tradicional de lá  por ainda preservar muito das origens do lugar. A Rua Santa Fé é um  exemplo disso e vocês vão ver ao longo da postagem. O lado da Dias da  Cruz já é mais descaracterizado, comércio intenso, só que bem mais  badalado do que o lado oposto. Ficou confuso ou dá pra seguir?


A BASÍLICA  da Imaculada Coração de Maria, na Rua Santa Fé. A igreja é um dos  principais marcos arquitetônicos cariocas e do bairro do Méier.
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| MAIS detalhes da Basílica
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 Saltei na Avenida Amaro Cavalcanti,  subi a passarela e dei uma caminhada pela Rua Arquias Cordeiro até  entrar à direita na Coração de Maria. Ali, bem na esquina com a Santa  Fé, que eu comecei a tirar algumas fotos e a executar o meu plano de  postagem para o blog. Pois bem, é justamente nesse encontro onde está um  dos maiores símbolos do Méier, a Basílica do Imaculado Coração de  Maria. Tradicionalíssima, ela foi construída no início do século XX e  projetada pelo arquiteto espanhol Morales de los Ríos. Foi inspirada na  arquitetura mozárabe, vigente na Península Ibérica do século XVI. Essa  igreja é figurinha fácil em muitos livros sobre a arquitetura carioca,  sendo um dos poucos atrativos deste tipo fora do eixo Centro-Zona Sul. 
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| O CRUZAMENTO à frente é com a Rua Aristides Caire
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Ultrapassando a Basílica e o  restaurante Xodó do Méier, a Rua Santa Fé vira quase um deserto até o  Viaduto Castro Alves. O calor, como eu disse, é brabo, não há árvores  nesse trecho e o suor escorre pela nuca. Apesar disso, as árvores são  substituídas por pequenos arbustos floridos ao longo da calçada e  pequenos estabelecimentos podem ser encontrados floriculturas.  Inclusive, essa área aí me faz lembrar muito de flores, afinal, tínhamos  na esquina da Santa Fé com a Rua Aristides Caire a Cobal do Méier, com  diversas tendas de flores. Hoje, onde havia o mercado municipal,  funciona um fórum de justiça, instalado em um prédio todo envidraçado.  Esquisito, mas fazer o que né? Antes que eu me esqueça, há cactos  também, por ali. Nada mais coerente com o calor. 
 DOIS ÂNGULOS  do Viaduto Castro Alves: a primeira, já nos mostra um pouco do verde  que o Jardim do Méier brinda ao bairro e, ao lado, o termômetro do  relógio marca 39ºC.
A ANTIGA COBAL  do Méier foi demolida - hoje, no mesmo espaço, abriga o Fórum Regional  do Méier (Desembargador José Rodriguez Lima). Quem conheceu a antiga  Cobal sabe que o edifício modificou demais a paisagem do local. Bom ou  ruim? Depende do seu gosto!
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| O JARDIM do Méier e o seu famoso coreto
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O  sobe-e-desce dos carros e ônibus no Viaduto Castro Alves é ofuscado por  um clarão verde: o Jardim do Méier. O Jardim é uma imensa praça com  árvores, flores, um coreto, bancos para sentar e brinquedos. Um lugar  bastante agradável, no coração do Méier, um bairro que não é muito bem  servido de árvores e sombras. O lugar, implementado em 1916, tinha sua  localização estratégica por estar ao lado da estação Méier do trem. Como  naquela época o comércio se desenvolvia ao redor das estações, não  preciso nem falar que o Méier foi privilegiado com esse espaço verde. Os  sinais de decadência são bem visíveis, embora não chegue a ser tão  agressivo. O Jardim é bem policiado – quando eu estava por lá, vi a  atuação da polícia em retirar os mendigos dos bancos – e conta, também,  com uma cabine da Guarda Municipal. O pessoal das antigas me fala que o  Jardim do Méier foi um lugar prestigiadíssimo no passado, uma espécie de  “programa de fim de semana”. Em principal, pela sua beleza e pelo  espaço amplo. Infelizmente não existe mais no Rio a valorização dos  parques como área de lazer. Eles ficam entregues às moscas e só se  preservam quando recebem algum apoio da iniciativa privada, como é o  caso do Jardim Botânico, por exemplo. Lamentável, todo mundo só quer  saber de praia.

 
  O JARDIM DO  Méier foi, nos áureos tempos, um parque de bastante renome e de  agradáveis passeios. Estudantes, crianças e idosos faziam uso deste  local como área de lazer e não apenas de meio de passagem, como é hoje. 
MEIOS DE  transporte na Santa Fé: além de diversas linhas de ônibus, como a 661  (Maria da Graça - Méier), 476 (Méier - Leblon) e 679 (Méier - Grotão),  as famosas kombis - serão elas ilegais? Não sei... - também aparecem por  ali. 
 
O  último trecho da Rua Santa Fé é bem servido de órgãos públicos e  comércio. Na esquina com a Aristides Caire, o batalhão do Corpo de  Bombeiros do Méier. Na mesma calçada, uma unidade da Defensoria Pública  do Estado do Rio de Janeiro. Ao lado, um batalhão da Polícia. Sem falar  nos salões de beleza, na papelaria, funerária, agência bancária,  armazém. E, ah... Mais uma venda de flores. A Santa Fé termina no  encontro da Rua Lucídio Lago. Uma placa de trânsito me informa: Cachambi  para a esquerda, Benfica e Centro para a direita. Pra onde eu fui? Eu  fui em direção à sombra, isso sim, hahaha. Um abraço!
 ESTE É O TRECHO  final da rua. Ao fundo, é a Rua Lucídio Lago e os fradinhos nas  calçadas são fruto do Rio Cidade Méier II, realizado há pouco tempo no  bairro. 
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Comente! Diga o que achou. Se preferir, me envie um e-mail: asruasdorio.contato@gmail.com 
 
 
9 comentários:
Muito show ! Me transportei para as ruas do rio através do blog. Idéia ótima ! Gostei de rever o Méier e me parece que está bem cuidado. Muito bom texto, informativo e atraente. Parabéns !Estou seguindo.
MEIO AMBIENTE RIO DE JANEIRO Newton Almeida
www.limpezariomeriti.blogspot.com
Obrigado pela força, Newton!
Adorei a matéria sobre o Méier, Pedro.
Cresci no Méier - embora hoje more na Vila da Penha. Sua observação sobre os "lados" do Méier é muito verdade. Sempre que falamos que moramos no Méier pra alguem que também é da área somos questionados:
"De que lado?"
rs
Sobre a basílica, deixo registrado que é o único exemplar de arquitetura mourística religiosa do Brasil. A igreja é linda e, sem dúvidas, um dos nossos grandes marcos arquitetônicos por sua imponência.
Sobre a cobal eu sei muito pouco. É um bom tema pra um próximo post, não acha? rs
O problema sobre a Cobal do Méier é que não há muitas informações na internet. É algo que tá preso na minha memória. A Cobal funcionava na esquina da Aristides Caire com Santa Fé e era um mercado municipal. Lembro-me de ter ido algumas vezes ali quando era pequeno e sei que era cheio de barracas de frutas, sem falar naqueles barracões onde vende-se peixe. Lembro, também, que tinha uma banca de jornal na porta, porque eu adorava ler gibi e meu pai sempre me comprava quando íamos a Cobal. Consigo sentir o cheiro das flores, porque havia vendas de flores ali dentro. Essas minhas memórias são de quinze anos atrás aproximadamente, faz muito tempo. Depois nunca mais voltei, até porque não ia muito pra essa área, mas sei que funcionou como "Hortifruti" até meados de 2004, por aí.
E hoje a nossa noção de Cobal é aquela coisa de bares, restaurantes, como a do Humaitá e a do Leblon. Mas, naquela época, as Cobais ainda eram mercados municipais. Infelizmente o terreno da Cobal do Méier foi vendido - logo depois surgiu a lei do tombamento das cobais. Por isso as Cobais da Zona Sul ainda resistem.
Havia, além do Méier, a Cobal de Irajá. Tudo demolido!
Pedro,
Você me fez lembrar que a primeira vez na vida que vi uma peça de teatro foi numa capela da basílica do méier, essa que mostra em várias fotos. A peça era Branca de Neve e os SEte Anões, isso em 1976, eu tinha 4 anos...
abs,
Nilson
Muito legais essas suas incursões por diferentes ruas, em diferentes zonas, do nosso Rio! Que tal prosseguir o passeio (num dia de menos calor) Cachambi adentro?
Boa pedida, Ivo. Vamos concretizar isso.
Este "lado" já foi movimentado tanto quanto o outro. Até cerca de uns 15 anos atrás as poucas lojas ancoras que existia migraram para o outro "lado" e isso por muitos anos se tornou queixa de alguns moradores que durante algum tempo chamou de a Zona Norte do Méier, do outro lado, devido a Dias da Cruz e seu comércio, de a a Zona Sul do Méier... Puro preconceito dentro da próprio bairro!No entanto a linha férrea é uma barreira que protege um lado e prejudica o outro, já que desde lado temos uma facilidade de acesso com o crescimento estrondoso do Norte Shopping. E assim até o reduto boêmio vai perdendo para o Baixo Méier, mas foi aqui que funcionou a última boate... Quem sabe a presença do Engenhão faça ressurgir este lado, afinal, as comemorações dos torcedores do Maracanã muitas vezes terminavam aqui...
Abraço, Bruno
Oi, Pedro:
Agradável surpresa encontrar seu blog !
Nasci na Piedade, depois fui para Bonsucesso e finalmente Grajaú, meu bairro querido e lindo, mas já estou há 20 anos em Minas Gerais !
Senti falta na postagem, do Colégio Imaculado Coração de Maria, onde estudei de 1953 até 1955, no primário (já sou bem idosa, viu ?)
Muitas vezes assisti missa na linda igreja, e acho que ela é uma das mais bonitas que conheço. Lembrando o Castelo de Manguinho, sobre o qual já fiz uma postagem.
Voltarei por aqui para ler outras postagens, pois gostei muito !
Parabéns pelo trabalho de divulgação da arquitetura dos bairros.
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