23.9.10

Canteiros urbanos... e frustrados (parte 2/3)

 Continuação


Jardineira quebrada na
Praça José de Alencar
Na Praça José de Alencar, que é a divisa do Catete com o Flamengo, a situação é um pouco lamentável, também. Os vasinhos de plantas, suspensos em uns equipamentos de ferro, foram produto do Rio Cidade (foto à direita), na década de 90. Entretanto, alguns deles estão "rasgando", pois os vasos são feitos de plástico. Aí imagina o panorama, caro leitor, aquela lambança de terra caindo pela calçada, as raízes das plantas às vistas... Como eu disse no início, são pequenos detalhes, mas que fazem toda a diferença! Ao longo da Marquês de Abrantes é mais triste ainda. Os canteiros de lá estão muito mal cuidados. Sem falar que eles são mal aproveitados, como os da Rua Voluntários da Pátria (que eu discutirei adiante). Perto ali do Instituto Metodista Bennet tem até uma plaquinha com os dizeres "Seja educado, não jogue lixo", só que o aviso não é suficientemente intimidador para que os caras-de-pau parem de usar aquele espaço como lixeira. Antes de completar este ciclo Laranjeiras-Flamengo, quero reiterar que a Rua Marquês de Abrantes está "caída" nesse sentido, embora não seja a pior de todas. Eu consegui ver alguns canteiros consideráveis ao longo da via, só que o estado de conservação é, infelizmente, o que fica a desejar. 

A Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo: a má conservação dos canteiros urbanos fere a estética urbana.

Um dos canteiros "salváveis"
na Praia de Botafogo
Virei à direita na Praia de Botafogo. Mais decepções - nem a Fundação Getúlio Vargas tinha algum jardinzinho público. Só encontrei um bem bonitão quase na esquina com a Rua Farani. A belezura, no entanto, é provavelmente mantida por uma ótica que há neste endereço, afinal, o jardim quase adentra a loja! E foi aí que eu percebi que, em geral, os melhores ajardinados estão sempre em frente à uma empresa ou a um edifício mais pomposo. Aqueles canteiros espraiados pela calçada, sem "dono" específico, ficam à deriva e isso acontece muito aqui no Rio. O que poucos sabem é que a manutenção da calçada e dos elementos desta é de responsabilidade do proprietário, enquanto o Estado cuida das ruas. O problema é que fica difícil decidir quem é o responsável por um canteiro, por exemplo, entre dois imóveis, ou então em frente a um terreno baldio. Ninguém vai pegar o "problema" para si, né? Até porque, se o grau de cidadania é baixo, mais baixas ainda são as condições financeiras de se manter algo que não é essencial para a vida de uma pessoa física ou jurídica. E aí a gente engloba outras questões, também, como educação, respeito, entre outras.

Mesmo estando de frente para um dos mais belos cartões postais cariocas, os canteiros da Praia de Botafogo só se salvam quando mantidos por empresas, como o caso do Botafogo Praia Shopping.


A planta, presa em uma
grade, ainda é sustentada
por pedaços de madeira.
A situação piorou depois que eu passei sobre o Viaduto Jardel Filho, perto do Colégio Imaculada Conceição. Por esta região, o sinal de abandono e de desrespeito é bem notório. Copos descartáveis, pedaços de madeira, mais uma vez as pontas de cigarros, papéis de bala, enfim, uma variedade de lixo que mora nos canteiros da Praia de Botafogo. O maltrato pode ser percebido, por exemplo, com os restos de uma árvore cuja qual só sobrou alguns palmos do tronco. Além disso, o solo é composto de uma mistura de terra, com restos de folhas, um pouco de lama e substâncias amarronzadas com textura viscosa. Parecia cocô. Na verdade, era. Os canteiros urbanos cariocas funcionam como vaso sanitário para animais, também. E às vezes os animais nem sempre são os cachorros; há pessoas que também se comportam como. 

 Os canteiros urbanos cariocas compartilham, além de plantas e flores, lixos de muitas espécies. 

Fim da 2ª Parte

Um comentário:

Cris Chagas disse...

Na minha rua, esquina com a Clarice Indio, tinha uma árvore que, por motivo de segurança, derrubaram. O canteiro, todo quebrado, ficou lá, no meio da calçada. Meu pai já ligou pra aqui e pra li reclamando, mas ninguém se responsabiliza.